STF nega pedido de empresário preso por estar com adolescente que sumiu em BH

STF nega pedido de empresário preso por estar com adolescente que sumiu em BH
Homem foi preso por descumprir medida protetiva Foto: PCMG / Divulgação
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Defesa do homem alegou falta de elementos na ordem de prisão; ele está preso preventivamente

O Tempo   Por Isabela Abalen

 

O caso do desaparecimento da adolescente Mariana Muniz Pereira, de 16, no bairro Castelo, na região da Pampulha, no início deste mês, foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Flávio Dino avaliou e negou uma reclamação do empresário Guilherme Augusto Guimarães, de 38 anos, que foi preso por descumprir medida protetiva e estar com a menina durante o seu sumiço. A defesa do suspeito afirma que ele “é um homem íntegro que não cometeu qualquer delito”. 

O empresário entrou com pedido ao STF afirmando que a ordem de prisão em flagrante usada para detê-lo estava incompleta. O advogado que o representou, Vinicius Borges Meschick, usou de argumento que o juízo da Vara Especializada em Crimes Contra Criança e o Adolescente, de BH, não apresentou “peças básicas” para pedir a prisão do cliente, “tais como o boletim de ocorrência”. 

Na avaliação do ministro Flávio Dino, no entanto, o pedido tentou atropelar a “marcha processual”, isto é, não esgotou as chances de reclamação junto aos órgãos mineiros antes de chegar à Corte Suprema. Sem o posicionamento da comarca de Belo Horizonte, o recurso do empresário é frágil, segundo o relator: “não permite constatar se o órgão reclamado contrariou o enunciado”. 

Flávio Dino analisou ainda que não foram apresentadas provas que sustentam o argumento da defesa. “A mera alegação, desacompanhada de elementos comprobatórios documentais, não permite constatar o indeferimento de acesso aos autos”, escreveu.

Desaparecimento trouxe à tona série de abusos 

O caso tomou repercussão após a Mariana desaparecer no bairro Castelo, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, e ser encontrada com o homem três dias depois. O empresário se relacionava com a menina desde que ela tinha 13 anos. Um vínculo abusivo foi relatado na medida protetiva, solicitada pela família da adolescente contra o suspeito. 

A Justiça viu no relacionamento da menina uma situação de violência doméstica e familiar, em que seria urgente o afastamento dos dois: “clara situação de violência psicológica, manipulação, isolamento e outros tipos de violências piores, possivelmente sexual”. Conforme o homem se aproximou da adolescente, ela passou a ignorar a escola, largou terapeuta, trabalho e academia para estar com ele. Leia mais sobre a relação aqui. 

Homem é proibido de se aproximar da adolescente 

O MPMG definiu a situação como “gravíssima”. “Havendo perigo para a integridade sexual da ofendida, caso nenhuma providência seja adotada”, afirmou o órgão. O homem foi, então, proibido de ficar até 300 metros próximo da adolescente, além de não poder contatá-la ou seus familiares e amigos por qualquer meio de comunicação – internet, redes sociais, telefone, carta, etc.

Medida que foi descumprida quando a Polícia Civil descobriu que era ele que estava com a menina após ela desaparecer no bairro Castelo no início deste mês de junho. 

A prisão do homem é, até o momento, por ele ter descumprido a medida protetiva. A adolescente foi ouvida pela Polícia Civil, na presença de seu representante legal, e entregue à família. O inquérito segue em sigilo, como define o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 

O que diz a defesa? 

O advogado de defesa do empresário, Vinicius Borges Meschick, afirma que o cliente é inocente que "haverá o reestabelecimento da verdade". 

"Guilherme Augusto Reis Guimarães é um homem íntegro e não cometeu qualquer delito que está sendo compartilhado pela mídia. O processo se encontra em segredo de justiça, mas, frisamos: todos os fatos serão devidamente esclarecidos e haverá o reestabelecimento da verdade!".