Prata nas Olimpíadas, Isaquias Queiroz é fruto de projeto social e pensou em desistir

Prata nas Olimpíadas, Isaquias Queiroz é fruto de projeto social e pensou em desistir
Isaquias Queiroz é fruto do projeto social “Segundo Tempo” de Ubaitaba., na Bahia Foto: Alexandre Loureiro/COB.
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Brasileiro conquistou a medalha de prata no C1 1000m nas Olimpíadas, mas passou por um ciclo olímpico complicado e precisou se afastar do esporte

Por Bárbara Ribeiro O Tempo

Isaquias Queiroz, o maior nome da canoagem velocidade do Brasil, conquistou a medalha de prata no C1 (canoa individual) 1000m, nesta sexta-feira, 9 de agosto, nas Olimpíadas de Paris. Com esta vitória, o canoísta brasileiro alcançou sua quinta medalha olímpica, igualando-se a Robert Scheidt e Torben Grael como o segundo maior medalhista olímpico brasileiro, atrás apenas de Rebeca Andrade.

A conquista da medalha em Paris teve um significado especial para Isaquias Queiroz, após um período marcado por problemas físicos e psicológicos. Desde o ouro em Tóquio 2020, o brasileiro teve anos de altos e baixos, e pensou desistir do esporte algumas vezes.

"Tive que me remontar. Tive que correr muito para ficar em forma. Não é fácil ficar fora de pódios. A sensação é de alívio, felicidade... muita felicidade. Não foi um ano fácil para mim e para minha esposa. 2023 foi um ano  diferente e especial, quando percebi o que não é ser campeão mundial e super atleta. E sim ser um humano com problemas físicos e psicológicos", contou.

Isaquias não tem um rim

Nascido em Ubaitaba, na Bahia, Isaquias Queiroz enfrentou grandes desafios desde cedo. Aos três anos, sofreu graves queimaduras quando uma panela de água fervente caiu sobre ele. Sua recuperação foi longa e dolorosa, exigindo dedicação e cuidados intensivos de sua mãe, Dona Dilma. Trabalhando como servente na rodoviária da cidade, a mãe do atleta sustentava a família sozinha, após o falecimento do seu pai, aos dois anos. Ela equilibrava suas responsabilidades entre o trabalho árduo e o cuidado com os filhos, que inspiraram o brasileiro em sua jornada.

Aos dez anos, Isaquias sofreu outro golpe do destino. Enquanto subia em uma árvore para ver uma cobra morta, ele se desequilibrou e caiu de costas sobre uma pedra, causando uma grave lesão que resultou na perda de um rim. O incidente não apenas representou um desafio físico significativo, mas também rendeu a Isaquias o apelido de "sem rim", que ele carrega com bom humor, dizendo que "perdeu um rim, mas ganhou um terceiro pulmão".

Canoagem velocidade

Isaquias encontrou na canoagem uma oportunidade de mudar sua vida. Ingressou no projeto social “Segundo Tempo”, que oferecia prática esportiva para crianças e adolescentes de Ubaitaba. Inicialmente interessado no futebol, foi na canoagem que ele se destacou, inspirado por Jefferson Lacerda, pioneiro da modalidade no Brasil.

Em 2007, Isaquias participou do Campeonato Brasileiro de Canoagem em Cascavel, no Paraná, conquistando três medalhas de prata. A partir daí, sua carreira decolou. Além disso, na Alemanha, se tornou o primeiro atleta brasileiro campeão mundial júnior em 2011, ao ganhar o ouro no C1 200m e prata no C1 500m em Brandenburg. Em 2013, no Mundial Adulto em Duisburg, conquistou ouro no C1 500m e bronze no C1 1000m. Nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, em 2015, somou mais três medalhas ao seu currículo.

Sua estreia nos Jogos Olímpicos aconteceu no Rio 2016, onde conquistou três medalhas: prata no C1 1000m, prata no C2 500m e bronze no C1 200m. Em Tóquio 2020, Isaquias ganhou ouro no C1 1000m, solidificando-se como um dos maiores da história da canoagem. 


Desempenho em Paris 2024

saquias Queiroz agora tem cinco medalhas olímpicas. Foto: Renato do Val/COB


Em Paris 2024, Isaquias disputou a semifinal do C1 1000m, avançando para a final com o terceiro melhor tempo. Na final, conquistou a prata, ficando atrás apenas do alemão Sebastian Brendel e do tcheco Martin Fuksa. Após a prova, Isaquias declarou:

 "No finalzinho da prova eu lembrei que meu filho pediu a medalha de ouro. A de ouro não deu, mas fico feliz de poder subir ao pódio e agora vou entregar essa medalha para ele. Esse é o meu presente para todo mundo do Brasil."

O brasileiro também competiu ao lado de Jacky Godmann na final do C2 (canoa dupla) 500 m. No entanto, terminou a prova na última colocação com o tempo de 1min42s58.