Meta responde AGU, que fará reunião para analisar manifestação da empresa de Zuckerberg

Meta responde AGU, que fará reunião para analisar manifestação da empresa de Zuckerberg
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, testemunha durante audiência do Comitê Judiciário do Senado dos EUA sobre a "Crise da Exploração Sexual Infantil Online" Foto: AFP or licensors
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Governo brasileiro quer saber como a Meta garantirá o cumprimento legal da obrigação de combater crimes como racismo e homofobia em suas plataformas

Por Renato Alves

 

BRASÍLIA – A Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, enviou na noite da segunda-feira (13) resposta à notificação da Advocacia-Geral da União (AGU) sobre o fim do sistema de checagem de fatos, anunciado semana passada pelo CEO da big tech, Mark Zuckerberg. 

No início da madrugada desta terça-feira (14), a AGU confirmou a resposta da Meta e anunciou uma reunião técnica para analisar a manifestação. Devem participar do encontro representantes do Ministério da Justiça, do Ministério dos Direitos Humanos e da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

A AGU enviou na sexta-feira (10) à Meta notificação extrajudicial pedindo explicações sobre o encerramento do programa de checagens de fatos nas redes sociais da empresa. A notificação estabeleceu o prazo de 72 horas para a empresa atender a notificação do governo. 

O governo brasileiro quer saber como a Meta garantirá o cumprimento legal da obrigação de combater crimes como racismo e homofobia em suas plataformas. A princípio, a mudança na política da empresa vale apenas para os Estados Unidos, onde está sediada. Mas ela pode se estender a outros países.

A decisão da AGU foi tomada após uma reunião convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com ministros e secretários no Palácio do Planalto. O chefe da AGU, Jorge Messias, se disse preocupado com a mudança e comparou a Meta a uma biruta de aeroporto.

“Eu queria expressar a enorme preocupação do governo brasileiro com a política adotada pela empresa Meta, que parece uma biruta de aeroporto. O tempo todo muda de posição ao sabor dos ventos”, disse.

A AGU pediu à Meta informações sobre as “providências que vem sendo adotadas a respeito do dever de cuidado com relação à coibição de violência de gênero, proteção de crianças e adolescentes, prevenção contra racismo, homofobia, prevenção contra suicídio, óbices e discursos de ódio e outros temas de direito fundamental”.  

A AGU requer que seja esclarecido se haverá divulgação de relatório de transparência sobre a checagem de desinformação feitas por notas da comunidade, método recentemente adotado pela rede social X.

Os advogados da União citam alterações na política de moderação. Entre elas a permissão de associações de pessoas LGBTQIAPN+ com transtornos mentais, autorizando “alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual, considerando discursos políticos e religiosos sobre transgenerismo e homossexualidade, bem como o uso comum e não literal de termos como ‘esquisito’”.

A AGU refere-se ainda às alterações em trechos anteriores das diretrizes relativos a discurso de ódio, debate sobre restrição de acesso a espaços em razão de gênero ou sexo, defesa de limitações profissionais baseadas em gênero e à eliminação de trecho que proibia a desumanização de mulheres.

Em sua argumentação, a AGU afirma que “manifestações em plataformas digitais não podem ser realizadas para gerar desinformação sobre políticas públicas, nem minar a legitimidade das instituições democráticas, nem causar pânico na população”. 

Os advogados da União alegam que a informação falsa, a desinformação e o discurso de ódio enfraquecem a confiança nas instituições democráticas. “As grandes empresas de tecnologia, a exemplo da Meta, devem assumir suas responsabilidades com o ambiente informacional íntegro”, afirma a AGU na peça.

Em relação à atuação da empresa no Brasil, diz a AGU que as novas diretrizes da Meta demonstram a possibilidade de violações a direitos fundamentais no ambiente digital, com desrespeito à legislação do país, e reafirma a necessidade de respeito à Constituição Federal e à legislação brasileira.