Conhecida pelos baixos preços, Feira de Acari é proibida no Rio de Janeiro

Conhecida pelos baixos preços, Feira de Acari é proibida no Rio de Janeiro
Decreto tem fotos da Feira de Acari, no Rio de Janeiro Reprodução/x/@eduardopaes
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Decreto foi publicado no Diário Oficial do Município desta terça (23); segundo o prefeito Eduardo Paes, a ‘origem dos produtos é toda do crime organizado’

Itatiaia    Por 

 

Na canção W/Brasil, Jorge Ben Jor já dizia que “a feira de Acari é um sucesso”. Lançada em 1992, a música descrevia um dos comércios populares mais tradicionais do Rio de Janeiro. Localizada na Zona Norte da capital fluminense, a Feira de Acari é conhecida por vender de tudo e ter preços extremamente baixos. As barracas são montadas aos domingos, na Avenida Pastor Martin Luther King Jr.

Há décadas a origem dos produtos é questionada pelas autoridades, que alegam que parte dos itens é fruto de mercadoria roubada. Segundo a prefeitura, 30% dos roubos de carga do país se concentram no estado do Rio de Janeiro. Para coibir o crime, o prefeito Eduardo Paes decidiu proibir o funcionamento da Feira de Acari, em qualquer dia da semana. O decreto foi publicado no Diário Oficial do Município, nesta terça-feira (23).

Na publicação, a prefeitura destaca ainda que, em 2022, o Estado do Rio de Janeiro sofreu prejuízo de quase R$ 390 milhões, por causa do roubo de cargas.

Na segunda-feira (22), Paes já havia divulgado nas redes sociais que iria proibir o comércio no local. “Não é aceitável que uma “feira” repleta de produtos de origem desconhecida tenha seu funcionamento normalizado na cidade. Não custa lembrar que a origem desses produtos é toda do crime organizado”, escreveu no X (antigo Twitter).

Segundo o prefeito, a decisão foi tomada após uma conversa com o governador Cláudio Castro (PL). Nesta terça, Castro afirmou que as forças de segurança do estado vão “apoiar integralmente a operação que vai proibir que a feira de Acari continue funcionando”. “Nosso governo combate qualquer tipo de ilegalidade. O Rio de Janeiro não é uma feira do crime organizado a céu aberto!”, publicou no X.

Feira viralizou no TikTok

Internautas enxergam a proibição como consequência dos recentes vídeos da feira viralizados no TikTok. Nas imagens, os internautas mostram pacotes de biscoitos sendo vendidos a R$ 1, bandejas de peito de frango a R$ 10, além de outros produtos. Na Feira de Acari também é possível encontrar artigos eletrônicos como televisão, geladeira e micro-ondas. Todos com preços abaixo do praticado no mercado.

“O TikTok viralizou a Feira de Acari, que já existia a 40 anos. Não demorou muito para proibirem”, escreveu um usuário. “Com uns 50 anos de atraso, o Tiktok conseguiu acabar com a Feira de Acari”, disse outro.

A vereadora Thais Ferreira (Psol-RJ) criticou a decisão de proibir a feira. Segundo a parlamentar, o decreto afeta os comerciantes que trabalham de forma honesta no local.

“Num momento em que Acari sofre com o impacto das chuvas de verão, graças a falta de políticas públicas, a Feira de Acari, reconhecida como patrimônio cultural de natureza imaterial da cidade, é ameaçada pela Prefeitura com uma justificativa que demonstra ainda mais a ausência das autoridades na garantia dos direitos básicos da população desse território. Se o problema são os produtos desconhecidos, que tenha fiscalização! Uma grande maioria da população do território de Acari sofreu perdas sem precedentes com as últimas chuvas. Nós vimos, nos últimos dias, as cenas tristes de casas com água até o teto. Muitos desses moradores têm a feira como única fonte de renda. Que alternativa será dada para essas pessoas?”, escreveu no X.