Caos no Ipsemg reflete em horas de espera no PA: 'nunca vi cheio assim'

Caos no Ipsemg reflete em horas de espera no PA: 'nunca vi cheio assim'
Em frente ao PA, uma fila de pessoas escapa para o lado de fora do prédio — Foto: Isabela Abalen / O TEMPO
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Hospital está com fila no Pronto Atendimento e pacientes nos corredores; quase 40% dos leitos estão fechados

O Tempo   Por Isabela Abalen

 

caos instaurado na ala de internação do Hospital Governador Israel Pinheiro (Ipsemg) se reflete em longas esperas também na porta de entrada. O Pronto Atendimento registra alta demora e falta de estrutura para todos os pacientes em um ambiente extremamente lotado, com riscos de contaminação por doenças como a Covid-19. Nos bastidores, a denúncia é de faltas nos plantões da equipe assistencial. Este foi o cenário encontrado no local pela reportagem de O TEMPO na manhã desta terça-feira (2 de abril). 

Em frente ao PA, uma fila de pessoas escapava para o lado de fora do prédio. Debaixo de um calor de 32°C, uma mulher de 50 anos aguardava ter o nome chamado pelos enfermeiros. Ela estava ali desde às 9h, e eram quase 12h. "Sempre que venho aqui, costuma ser rápido. Hoje estamos esperando há horas. Nunca vi esse lugar assim. Não tem o que fazer, é sentar e esperar", desabafou. Todas as pessoas dessa reportagem terão a identidade preservada. 

A mulher escolheu se sentar em um desnível na calçada do que no interior do PA. "Lá dentro está impossível. Lotado, quente, não dá", continuou. Uma das explicações para a demora dentro e fora do hospital é o déficit de profissionais de saúde para tantos pacientes. Um dos funcionários do Ipsemg, da área da administração, confessou que o problema não é novo. “Está lotado sim, mas reflete várias questões que estão aí há anos. Hoje, por exemplo, dois médicos faltaram ao serviço. Por que? Eles não dizem”, soltou. “É absurdo. Eu não consigo entender o descaso”. 

Ainda na fila para o PA, um servidor público de 34 anos, se queixava de dores abdominais. O homem aguardava por cerca de 1h, e ainda não havia passado pela triagem. Desde que se identificou na recepção, ele calculou que mais 22 pessoas tiraram a senha de atendimento. "Me surpreendi e estou arrependido. Está muito cheio, não para de chegar gente. Talvez fosse mais rápido se estivesse em uma Upa perto de casa", comentou. "Faz anos que pago isso aqui, mas nunca melhora. Olha, lotado", lamentou.

A preocupação de um senhor que acompanha a esposa é a infecção por covid-19. A mulher veio fazer um exame, mas, diante de tantas pessoas, próximas umas das outras, o idoso não teve coragem de tirar a máscara. “Cheio demais, tem muita gente. Muita gente usando máscara também, o que é melhor, porque com as infecções em alta…”, comentou.

Problema piora do lado de dentro do Ipsemg

Os pacientes esperam por um atendimento rápido e sem complicações, uma vez que o medo de ficar internado é enfrentar a situação dentro do hospital. Com pacientes pelo corredores, Ipsemg funciona com quase 40% dos leitos fechados.

Uma dona de casa, de 54 anos, acompanha o marido, de 59, que caiu e quebrou o pé na noite dessa segunda (1º de abril). No food truck em frente ao PA do Ipsemg, ela desabafou sobre as alas de internação. “Meu marido nem está na pior situação, para você ver. No nosso quarto, são uns oito pacientes mais os acompanhantes, todos misturados. Deve ser um local para quatro, mas tem oito. Não tá tendo cama suficiente”, contou.

A mulher diz que o atendimento do seu marido está melhor com relação a quem está internado com dengue. “Fiz uma colega no segundo andar, onde ficam as pessoas com dengue. Ela teve que descer reclamando, gritando para as enfermeiras, porque não tinha soro. O tratamento é com soro e não tinha. Onde se viu isso?”, reclamou. 

“Tem gente demais, macas, cadeiras no corredor”, continuou. Sua percepção do problema é maior com aqueles que são idosos. “Idoso eu tenho dó. Ontem à noite tinha um velhinho sentado na cadeira de rodas. Não tinha cama para ele, então ele ficou na cadeira de rodas. Foi o que conseguiram arrumar para ele não ficar em pé”, lamentou.

A reportagem entrou em contato com o Ipsemg e aguarda retorno.