Aposentado do tênis, Rafael Nadal pode se aventurar em outro esporte
Espanhol deixou as quadras após 20 anos de carreira e 22 títulos de Grand Slam
Depois de anunciar em outubro que se aposentaria ao final da temporada, Rafael Nadal viveu os últimos momentos como tenista profissional na Copa Davis, disputada entre os dias 19 e 24 de novembro. O tênis, no entanto, pode não ter sido o último esporte do multicampeão.
Aos 37 anos, Nadal tem a oportunidade de migrar para o golfe, uma das paixões do ex-tenista. Participante assíduo de competições da modalidade na Espanha, ele recentemente competiu no Circuito Hexagonal Q-Romia, disputado em Mallorca, apenas dias depois de ter se aposentado. Na categoria Handicap, ele conquistou o oitavo lugar. Já a equipe Rafa Nadal Academy terminou na quarta posição geral do torneio.
Aposentadoria
A grande motivação do espanhol para deixar as quadras no último mês foram os sucessivos problemas físicos enfrentados nos últimos anos, além do principal: a síndrome de Müller-Weiss, diagnosticada em 2005. A doença afeta o osso navicular e tem como sintomas a dor no osso, no meio do pé e no arco plantar e dificuldade para caminhar ou correr.
“Por ser uma questão crônica, causa muita dor e é algo que não é possível controlar, até pelo próprio movimento feito no tênis, situações repetitivas, e as exigências do esporte. Além disso, causa uma limitação funcional, com dificuldade para andar, realizar atividades básicas do dia a dia e mais rigidez no pé, que causa mais instabilidade e maiores riscos para lesões, como entorse no tornozelo”, esclarece Flávia Magalhães, médica que trabalha com esporte há mais de 20 anos.
De acordo com Gisele Blasioli, fisioterapeuta associada à Sonafe - Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e Atividade Física, a prática do tênis é um fator de risco para a síndrome: “É mais comum que a doença de Müller-Weiss se manifeste em crianças e adolescentes em fase crescimento, onde o tratamento e a prevenção devem ser iniciados logo que os sintomas apareçam. Porém, podemos dizer que a prática do tênis pode sim ser um fator de risco para a síndrome. É um esporte que exige uma movimentação rápida e constante em quadra, com mudanças bruscas de direção por horas e horas. Há partidas que chegam a 6 horas de duração, isso sem contar os treinos”, explica.
A principal causa da doença de Müller-Weiss em tenistas é a sobrecarga repetitiva, sem um período adequado de repouso, o que gera um estresse crônico no osso do pé, deixando a região sempre inflamada.
“A síndrome de Müller-Weiss é uma patologia rara que afeta o osso navicular do pé. Ela é considerada uma fratura por estresse do osso navicular. As fraturas por estresse ocorrem quando há uma sobrecarga repetida em um osso, levando a fadiga do mesmo, gerando microfraturas que podem evoluir para uma fratura completa. Outras causas como anomalias ósseas congênitas, trauma direto no pé ou uso excessivo de calçados inadequados são mais incomuns”, aponta a fisioterapeuta.
Por ser uma síndrome progressiva e degenerativa, Müller-Weiss não tem cura. No entanto, quem sofre com o problema, assim como Nadal, pode realizar tratamentos para evitar a fratura completa e diminuir os sintomas.
“O tratamento envolve terapia analgésica e anti-inflamatória, como gelo, compressão e elevação do pé afetado, recursos eletroterapêuticos, além de medicamentos para aliviar a dor e a inflamação. O repouso é necessário até que a inflamação cesse, caso contrário, o quadro pode se tornar crônico e de difícil resolução. Em casos graves, pode ser necessário o uso de órteses ou até cirurgia”, detalha Gisele.
“É possível que agora tenha um quadro de regresso, não que o osso irá voltar ao normal, porque não vai, mas é possível até fazer uma pequena operação cirúrgica no local para auxiliar. Mas somente pelo próprio fato de tirar a carga do dia a dia, já diminui os sintomas e melhora”, conclui Flávia Magalhães.
Considerado um dos maiores tenistas de todos os tempos, Rafael Nadal acumulou 22 títulos de Grand Slam - sendo 14 somente em Roland Garros -, além de 103 troféus ATP (Associação de Tenistas Profissionais) e dois ouros olímpicos ao longo de mais de 20 anos de carreira.
Comentários do Facebook