Apesar de não serem consideradas brinquedos, armas de gel viram febre em Juiz de Fora
Produto pode causar hematomas e até cegar, caso o material atinja os olhos, além de poder se tornar caso de polícia.
Por Marcus Pena, Victória Jenz, TV Integração e g1 Zona da Mata — Juiz de Fora
As armas de plástico com balas feitas de gel se tornaram uma febre em várias cidades do país, sendo facilmente encontradas para venda em comércios populares e lojas de brinquedo. No entanto, o produto pode causar hematomas e até cegar, caso o material atinja os olhos, além de poder se tornar caso de polícia.
"Estourou mesmo, é febre aqui na cidade e é a mercadoria que apareceu para a gente ganhar um dinheirinho no final do ano. Atingiu adulto, criança, tá todo mundo brincando. O que a gente orienta é colocar o óculos, não ficar um atirando no outro e sim colocar um alvo que não seja uma pessoa", contou o vendedor Cristiano Coelho.
Com a popularização do produto e, principalmente, com preços mais baixos, adolescentes e até adultos têm usado, de diferentes formas, com diferentes finalidades. Um vídeo gravado no Bairro Santo Antônio, zona sudeste de Juiz de Fora, mostra um grupo fazendo uma 'guerrinha' de arma de gel, a maioria com o rosto coberto.
A febre das armas de gel tem causado uma série de preocupações para a segurança pública. Em nota, a Polícia Civil esclareceu que a venda e porte das referidas 'armas de gel' não configuram tipificação criminal, mas as ocorrências advindas do uso de tais equipamentos, como lesão corporal, perturbação do sossego e outras, serão avaliadas de acordo com o caso e investigadas à medida que forem recebidas nas unidades policiais.
Outro problema é com relação à descaracterização do produto, que pode acabar sendo confundido com arma de verdade.
"Eles [produtos] vêm em diversas cores e a pessoa pintando ele de preto ou de prata para simular mais ainda a aparência de uma arma de fogo verdadeira, isso aí a pessoa pode até ser conduzida pela PM até a presença da autoridade policial", alertou o delegado Rodolfo Rolli.
Armas de plástico com bolas de gel — Foto: Sidney Euclides/TV Integração
Produto não é brinquedo, alerta Inmetro
Na caixa do produto, a indicação é para adolescentes acima de 14 anos, mas uma outra etiqueta indica que a arma pode ser usada por crianças maiores de 3 anos, inclusive com símbolo do Inmetro. O instituto esclareceu que o selo é falso e que esse tipo de mercadoria não é classificada como brinquedo.
O Inmetro também define requisitos específicos para armas de brinquedo. Réplicas de armas com projéteis de bolas de gel são semelhantes a equipamentos como airsoft e paintball, regulamentados pelo Decreto nº 11.615, de 21 de julho de 2023, o qual não está sob a competência do Inmetro.
Além disso, todas as armas de brinquedo, com ou sem projéteis, devem atender às advertências e requisitos de segurança estipulados para brinquedos. O Anexo C da Portaria Inmetro nº 302, de 2021, determina marcações específicas para brinquedos que se parecem com armas, enquanto o Anexo V, item 47, lista imitações de armas de fogo como produtos que não são classificados como brinquedos.
Produto é indicado para maiores de 14 anos — Foto: Sidney Euclides/TV Integração
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