Perícia descarta insanidade em suspeito de matar sargento Dias: 'tentativa de manipulação'

Perícia descarta insanidade em suspeito de matar sargento Dias: 'tentativa de manipulação'
Homem atirou à queima-roupa contra policial Foto: Imagem enviada à reportagem
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Documento será enviado à Justiça, que vai definir sobre a saúde mental do acusado

O Tempo    Por Lucas Gomes

 

A perícia oficial da Polícia Civil descartou que Welbert de Souza Fagundes, acusado de matar o sargento Roger Dias há mais de um ano, tenha insanidade mental, o que o afastaria do julgamento feito pelo Tribunal do Júri a respeito do homicídio. O laudo será encaminhado à Justiça, que vai decidir se o suspeito é incapaz de responder pelos seus atos, ou não. O estudo contratado pela defesa de Fagundes indicava questões mentais que o deixaria inimputável. 

O documento policial foi assinado pelo psiquiatra forense Thomas Martins de Almeida e pelo psiquiatra Edson Aquino Brandão. No entendimento dos profissionais, após conversa com o suspeito e com a família dele, o discurso de “ouvir vozes” se mostrou o mais prevalente entre os supostos indícios de uma insanidade, “mas há registros em prontuário prisional de tentativa de manipulação e ganho secundário”. “Em nenhum momento, há descrição de comportamento claramente desorganizado ou psicótico no prontuário, a despeito do relato frequente de ‘ouvir vozes de Ogum’”. diz o laudo. Ao responderem uma questão dos advogados de defesa, os médicos reafirmaram que o homem apresenta características de manipulação comportamental, traços antissociais e uso de substâncias psicoativas, mas sem configuração de transtorno psicótico primário ou outro diagnóstico de superveniência de doença mental. 

A conclusão dos psiquiatras é de que durante o crime de roubo, que gerou a perseguição policial e terminou na morte do policial, Welbert tinha todas as capacidades de entendimento e determinação em relação aos fatos. Os médicos sugeriram que o suspeito tenha acesso a tratamento psiquiátrico e psicológico enquanto estiver preso. “Mas ressaltamos que não houve configuração de doença mental superveniente que incapacite o periciado de entender e responder ao processo criminal em curso”, frisaram.

Ainda conforme o laudo, Welbert Fagundes relatou uso abusivo de maconha e cocaína, na forma inalada e na forma de crack, que configura, clinicamente, síndrome de dependência. O quadro não foi motivo de busca frequente por tratamento por parte do periciado. Para os psiquiatras, tal condição não possui nexo de causalidade com o delito imputado e nem foi capaz de alterar as capacidades de entendimento e determinação.

Procurada pela reportagem, o advogado Bruno Torres disse que vai juntar o laudo particular no processo e que questionará a Polícia Civil sobre o documento oficial.