Justiça determina bloqueio de R$ 2,5 milhões de dentista suspeita de causar infecções em pacientes

Decisão atende pedido de ação civil pública movida pela Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG), que atende um grupo de pacientes que fez lipoaspiração mecânica de papada e bichectomia. Órgão também pede indenização de R$ 500 mil, o que ainda será analisado.
Por Jô Andrade, g1 Minas — Belo Horizonte
A Justiça de Minas Gerais atendeu a um pedido da Defensoria Pública contra os donos da Clínica Odontológica Dra. Camilla Groppo, em Belo Horizonte. A dentista foi indiciada pelo crime de lesão corporal por suspeita de deixar diversos pacientes com infecções após procedimentos estéticos.
Com isso, o judiciário determinou o o bloqueio de R$ 2,5 milhões em bens da dentista (veja mais abaixo). Cabe recurso da decisão.
Foram identificadas mais de 20 vítimas de lesão corporal leve e três de lesão grave. No entanto, a Polícia Civil de Minas Gerais não pediu a prisão da mulher. A defesa da dentista afirmou que os fatos serão esclarecidos no processo judicial.
A DPMG atende um grupo de pacientes que fez lipoaspiração mecânica de papada e bichectomia (remoção da gordura das bochechas) na clínica da suspeita.
O processo busca, ainda, indenizações coletivas e individuais pelos prejuízos causados nos procedimentos estéticos. A DPMG pede R$ 500 mil como reparação e condenação dos responsáveis pelos danos morais, materiais e estéticos.
Camilla Groppo, que se apresentava nas redes sociais como especialista em lipos de papada e bichectomias, foi denunciada por diversos pacientes que tiveram infecções bacterianas após a realização dos procedimentos. Vinte e quatro vítimas já foram identificadas no inquérito.
A decisão do juiz Cássio Azevedo Fontenelle, da 27ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, também negou os pedidos da DPMG de bloqueio de imóveis, apresentação de documentos e citação da empresa no processo.
O g1 tenta contato com a defesa da dentista.
Relembre
Camilla Groppo é investigada desde o ano passado, quando as primeiras vítimas denunciaram infecções graves que surgiram durante cirurgias de lipoaspiração de papada na clínica da dentista, em Belo Horizonte. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Polícia Civil acompanham o caso.
Mais de 20 mulheres denunciaram a profissional. Todas relataram problemas causados por uma bactéria.
Após as denúncias, a Vigilância Sanitária de Belo Horizonte fez uma vistoria na clínica odontológica, que fica no Centro da capital mineira, para verificar um possível surto de microbactéria não tuberculosa de crescimento rápido. O local foi interditado no dia 11 de março de 2024.
Na época, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que a fiscalização constatou irregularidades, como "esterilização inadequada do instrumental utilizado nos procedimentos, além de quantidade insuficiente desses materiais para atender a demanda do estabelecimento".
"Nesse consultório, essas pessoas foram contaminadas em razão de procedimentos inadequados de esterilização de material. [...] infelizmente, a gente percebe que profissionais de saúde, pretendendo ter lucro em relação às suas consultas, deixam de fazer as suas obrigações, expõem a saúde das pessoas e provocam lesões corporais gravíssimas", afirmou o promotor André Sperling Prado, na época das investigações.
Em março do ano passado, as secretarias de saúde do governo de Minas Gerais e da Prefeitura de Belo Horizonte confirmaram um surto da micobactéria. Em um dos casos, foi confirmado a ação da Mycobacterium spp e outro para Mycobacterium abscessus.
As infecções ocorreram após pacientes passarem por procedimento cirúrgico de lipoaspiração de papada no consultório da dentista.
Camilla Groppo — Foto: Reprodução/TV Globo
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