Jovem com 'pior dor do mundo' decide fazer eutanásia e pede ajuda nas redes sociais: 'último desejo'

Jovem com 'pior dor do mundo' decide fazer eutanásia e pede ajuda nas redes sociais: 'último desejo'
Carolina Arruda se formou em medicina veterinária, mas quer passar pelo procedimento de eutanásia na Suíça Foto: Reprodução Instagram
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Carolina Arruda mora no interior de Minas e pretende sair do país para fazer o procedimento

O TEMPO 

 

Uma médica veterinária de 27 anos que luta, há 11, contra uma doença conhecida por gerar a "pior dor do mundo", surpreendeu a web ao revelar que quer viajar para a Suíça para fazer eutanásia, que é quando o indivíduo opta por interromper a própria vida. Carolina Arruda tem Neuralgia do Trigêmeo, condição que a faz conviver diariamente com dores intensas que provocam choques elétricos no rosto. 

O ato tido como um suicídio assistido é proibido no Brasil, mas permitido em alguns países, como na Suíça. Para viajar, Carolina, moradora de Bambuí, região Oeste de Minas, abriu uma vaquinha nas redes sociais e pretende arrecadar dinheiro para o procedimento, que, segundo ela, é burocrático. A mineira já recebeu mais de R$ 5 mil em doações on-line.

A jovem tem dividido opiniões e abalado muitos internautas que pedem para a mineira desistir do suicídio assistido. Para esclarecer dúvidas, a médica veterinária fez um relato emocionante na web e falou sobre a decisão que ela considera "uma despedida digna".

"Pra quem pode julgar minha decisão de buscar a eutanásia eu peço que reflitam com compaixão. A minha jornada tem sido uma batalha constante contra uma dor insuportável. E a eutanásia na Suiça é minha escolha após anos de sofrimento e esgotamento de todas as opções de tratamento. Agradeço por respeitarem minha busca pela paz e pelo alívio”.

 

Rotina de dores

Carolina tem compartilhado com os seguidores a rotina e imagens fortes do sofrimento diário causado pela doença. A jovem usa morfina e canabidiol para aliviar as dores intensas.

"Eu não tenho absolutamente nenhuma qualidade de vida, sinto dores 24 horas por dia e essas crises são quase diárias", escreveu no Instagram.

Carolina foi diagnosticada em 2013 quando teve, pela primeira vez, uma crise na casa da avó. Ela já passou por outras intervenções cirúrgicas mas, segundo a jovem, as dores não passaram:

"Eu já fiz 4 cirurgias, uma descompressão microvascular, uma rizotomia por balão e vários outros procedimentos, mas a dor persiste. Então eu tomei a difícil decisão de buscar a eutanásia na Suíça”, afirmou na web.


A doença

Segundo informações compartilhadas pelo Hospital Albert Heisntein, a neuralgia do trigêmeo (NT) é um distúrbio que provoca uma dor forte na região do rosto, por onde passa o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade tátil, térmica e dolorosa da face. A dor costuma pegar um lado do rosto e durar alguns segundos.

"A NT pode ser classificada em dois tipos. O clássico, que se divide em dois grupos, um relacionado à compressão do nervo por vasos sanguíneos tortuosos, que se encostam ao nervo trigêmeo, e o outro conhecido como forma idiopática onde não se encontra uma causa específica. O segundo tipo é chamado de neuropatia trigeminal dolorosa, que esta relacionado à lesão do nervo por outras causas como: tumores, doença da mielina (a capa do nervo), entre outras", explica o neurologista do Einstein, Rodrigo Massaud.

A maioria das pessoas que sofrem com a doença apresentam vários episódios de dor em um dia e o quadro, geralmente, é incapacitante. Algumas atividades básicas da rotina podem levar aos ataques de dor, como o toque no rosto do paciente, mastigação, a fala, escovar os dentes, sorrir e o contato do rosto com ar frio.

O tratamento é feito por medicamentos ou cirurgias:

"Existem algumas modalidades para esse tratamento que são: cirurgia de descompressão microvascular; procedimentos ablativos que incluem: rizotomia com radiofrequencia (termocoagulação), compressão mecânica com balão e ablação com glicerol; radiocirurgia e bloqueio periférico", exemplifica o neurologista.