Funeral do presidente do Irã, morto em acidente de helicóptero, começa nesta terça-feira (21)
O corpo do Ebrahim Raisi será levado na quinta-feira (23) para sua cidade natal, Mashhad, onde será enterrado durante a noite
Itatiaia Por AFP
Dezenas de milhares de iranianos se reuniram nesta terça-feira (21) na cidade de Tabriz, noroeste do país, para o cortejo fúnebre de despedida do presidente Ebrahim Raisi, que morreu no domingo num acidente de helicóptero.
Os iranianos, com bandeiras do país e fotografias do presidente falecido de 63 anos, assim como das outras sete vítimas do acidente, lotaram a principal praça do centro de Tabriz, capital da província de Azerbaijão Oriental.
Os oito caixões cobertos com a bandeira do Irã foram colocados em um caminhão.
O helicóptero retornava a Tabriz no domingo, depois que Raisi viajou à fronteira com o Azerbaijão para a inauguração de uma represa com o presidente do país vizinho, Ilham Aliyev, quando sofreu a queda.
O acidente também matou o ministro iraniano das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdolahian.
O Irã decretou cinco dias de luto nacional. O funeral do presidente incluirá uma peregrinação à cidade sagrada de Qom na tarde de terça-feira e uma grande procissão de despedida em Teerã na quarta-feira.
O corpo do Raisi será levado na quinta-feira para a província de Khorasan do Sul, no leste do país, e em seguida para sua cidade natal, Mashhad (nordeste), onde será enterrado durante a noite.
No início da cerimônia nesta terça-feira, o ministro do Interior, Ahmad Vahidi, prestou homenagem às vítimas, chamada de “mártires”.
“O povo iraniano demonstrou que transforma cada calamidade em uma escada para elevar a nação a novas glórias”, disse.
Investigação sobre o acidente
As operações de busca começaram na tarde de domingo, depois que os outros dois helicópteros do comboio perderam contato com a aeronave que transportava o presidente em um momento de condições meteorológicas difíceis nesta região montanhosa, com chuva e neblina.
Após várias horas de suspense, a televisão estatal anunciou na segunda-feira a morte do presidente ultraconservador, eleito em 2021, considerado um dos favoritos para suceder o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei.
Khamenei, 85 anos, designou como presidente interino o vice-presidente Mohammad Mokhber até a organização das novas eleições, marcadas para 28 de junho.
O cargo de ministro das Relações Exteriores será ocupado por Ali Bagheri, que era vice0-chanceler e o principal negociador do programa nuclear iraniano.
O Estado-Maior das Forças Armadas do país ordenou a abertura de uma investigação sobre a causa do acidente, informou a agência de notícias ISNA.
Antes do início das cerimônias fúnebres nesta terça-feira, várias cidades do país organizaram homenagens ao presidente falecido. Em Teerã, milhares de pessoas, muitas delas exibindo fotos de Raisi, se reuniram na Praça Valiasr na segunda-feira.
Ex-procurador-geral do Irã, Raisi foi eleito presidente em junho de 2021, no primeiro turno de eleições marcadas por uma elevada taxa de abstenção e pela ausência de uma oposição significativa.
Sempre com um turbante e veste religiosa preta, Raisi sucedeu o moderado Hassan Rohani.
O seu mandato foi marcado por uma grande onda de protestos em 2022, após a morte sob custódia policial da jovem Mahsa Amini, a crise econômica agravada pelas sanções dos Estados Unidos e por momentos de hostilidades com Israel, grande inimigo de Teerã.
O movimento palestino Hamas, o Hezbollah libanês e a Síria, todos aliados do Irã e membros do chamado eixo de resistência contra Israel, prestaram homenagem a Raisi.
Durante seu mandato, em um momento de tensões regionais devido à guerra em Gaza, o Irã lançou em abril um ataque sem precedentes contra Israel, com 350 drones e mísseis, a maioria deles interceptados com a ajuda dos Estados Unidos e de outros aliados.
A ação foi uma resposta ao bombardeio atribuído a Israel que destruiu o consulado iraniano em Damasco.
Horas antes de sua morte, na cerimônia ao lado de Aliyev, Raisi reafirmou o apoio de Teerã ao povo palestino. “Pensamos que a Palestina é a primeira questão do mundo muçulmano”, disse.
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