Eleições americanas têm relação direta com as exportações do agro brasileiro? Entenda

Eleições americanas têm relação direta com as exportações do agro brasileiro? Entenda
WhatsApp Image 2024-07-23 at 13.36.59.jpeg Seja Donald Trump ou Kamala Harris, haverá imposições ao Agro. Reprodução/Arte Canvas
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Definições do pleito de novembro nos EUA refletem nas oportunidades do Brasil, no relacionamento com o país e até mesmo com a China

 Itatiaia

Os americanos vão as urnas só no próximo mês de novembro, mas o peso dessa decisão já antecipa efeitos sobre as cotações de certas commodities, tais como milho e soja, dos quais os americanos e brasileiros são grandes produtores.

Após o atual presidente, Joe Biden, desistir da reeleição e manifestar apoio à vice, Kamala Harris, o que depende ainda dos delegados do partido democrata, e de Donald Trump ter a sua candidatura confirmada pelo partido republicano, os cenários da disputa eleitoral vão ficando mais claros, mas não necessariamente simples de explicar devido ao pragmatismo.

O professor Vladimir Pinto Coelho Feijó - Doutor em Direito Internacional pela PUC Minas explica que seja Donald Trump ou Kamala Harris, haverá imposições ao agro. " Do lado do Trump é o protecionismo comercial e do lado de Harris a maior ameaça é a regulamentação e obrigação da mudança de práticas, em especial a adoção de produtos e insumos que foram banidos pela legislação deles, para que o Brasil siga a mesma regulamentação, e tenha, portanto, que mudar suas condutas”, explica. Já perspectiva a longo prazo com mudança de câmbio, mudança de juros não depende necessariamente das eleições nos EUA. “O cenário europeu, os cenários da guerras tudo isso acaba interferindo. As eleições americanas não são o único fato, mas é preciso atenção também”, lembrou.

E nessa balança é tudo tão complexo, que na semana seguinte ao atentado sofrido por Donaldo Trump, em um comício, já acendeu uma luz de emergência no que diz respeito à relação da China com o Estados Unidos.

Os chineses têm fome por milho e soja dos americanos, mas no período do republicano no poder, entre 2017 e 2021, Trump impôs uma tarifa de 25% na importação de produtos chineses. O Brasil bateu recorde de exportação nesse período, enviando para a China mais de 83 milhões de toneladas de soja, só em 2018, como explica a Sociedade Nacional de Agricultura. O número 22% a mais que no ano anterior. Se na briga comercial entre Estados Unidos e a China o Brasil ganhou espaço na era Trump, em um novo governo o cenário já seria bem diferente. “No caso da China o Brasil se beneficiou da guerra comercial, mas os chineses buscaram alternativas, investiram no oeste da África, criaram novos portos. Em uma nova guerra comercial o Brasil não vai ter tantas novas oportunidades de vender pra China, pois este país reduziu a dependência americana”, lembra Feijó.

Concorrência, sanções e protecionismo: relação comercial do Brasil com os EUA deve continuar a mesma seja quem for o ocupante da Casa Branca

O fato é que os chineses ao longo dos anos, muito devido questão política, mas também por alternativa comerciais, vem reduzindo a compra da soja americana, e adquirindo o produto com Brasil e com a Argentina. Nesta bipolaridade da eleição americana são poucas certezas no campo político, mas no econômico será de ainda muita concorrência.

Professor de Relações Internacionais do Ibmec BH Mario Schettino, Doutor em Ciência Política pela UFMG, explica que o O Brasil concorre com os Estados Unidos, tanto no mercado internacional, quanto no mercado interno. “Acaba que por essa concorrência, por vezes os produtos brasileiros sofrem sanções, por exemplo suco de laranja, açucar e etanol. Assim seja qual for o próximo presidente as dificuldades continuarão as mesmas. O protecionismo é bipartidário mesmo com justificativas distintas”, completa

Schettino que o Brasil replica o modelo de negócios do agro americano o uso de máquinas agrícolas, monocultura, uso intensivo de fertilizantes, com sementes selecionados e assim tem o investimentos dos Estados Unidos. “O investimento norte americano no Brasil não deve diminuir, a não ser que o prejuízo que se tenha com protecionismo seja muito grande e afete a competitividade da economia brasileira, mas acho que isso tende a não acontecer pois há crescimento em outros mercados e aí é bem possível que esse comercio que iria para os Estados Unidos acaba se reeorientando para o outros mercados”, completa o professor de Relações Internacionais.