Diogo Defante apresenta novo show em Juiz de Fora, nesta sexta

Diogo Defante apresenta novo show em Juiz de Fora, nesta sexta
Esta será a segunda apresentação do músico em Juiz de Fora (Foto: Nanda Arias/Divulgação)

Fãs terão a oportunidade de comprar ingresso com o artista na quinta, no bar Rise Together

 Tribuna     Por Renato Knopp*

 

Diogo Defante, ao menos na música, não gosta de fazer comédia, mas, sim, abordar “temas malucos”, como ele mesmo define. Em seu último álbum, “Tífane” (2024), as “maluquices” estão presentes em quase todas as faixas. Por exemplo: em “Aurélio”, o narrador sente raiva do dicionário; em “Talalau”, a história é de um homem que se apaixona por seu “talarico”; enquanto em “Minha vó”, Defante fala sobre sua avó e o gosto dela por plantas. Nesta sexta (11), o público juiz-forano terá a oportunidade de ouvir essas e várias outras canções da turnê do novo álbum, em um show que acontece no Cultural Bar (Avenida Deusdedith Salgado 3955) , a partir das 22h. Enquanto na quinta (10), o artista marca presença no bar Rise Together (Avenida Presidente Itamar Franco 2495), às 19h, para encontrar os fãs. Os ingressos para o show podem ser adquiridos na quinta, diretamente com a equipe de Defante, ou pelo Uniticket.

 

De volta ao plano A

Defante é uma figura ímpar no entretenimento brasileiro. Constantemente relacionado ao “repórter doidão”, persona criada para alguns de seus vídeos no Youtube, o artista, muito antes de pensar em trabalhar produzindo conteúdo para internet, desejava ser músico. Ele conta que, inicialmente, “o plano B era o canal no YouTube e a música, o plano A”. Sua primeira banda foi formada em 2005 e era chamada Let’s Go, tocando hardcore. Nela, atuava como baterista. 

Nesse início, teve lições importantes com o pai do vocalista, que fez com que entendesse que para fazer sucesso seria necessário muito mais que tocar. Fazer bonés, camisetas, reuniões e tudo mais que pode ser visto como burocrático para divulgação era tão importante quanto subir nos palcos e se apresentar bem. Defante caracteriza esse momento como sendo de muito aprendizado. Nessa sua primeira fase como músico, teve algumas experiências que o influenciam até hoje. Entre elas, o contato direto com o público, o esvaziamento da cena de hardcore no Rio de Janeiro e a falta de viabilidade financeira para seguir no ramo. 

Em 2012, o plano B começou. Com o canal no YouTube, a música foi ficando cada vez mais de lado e seu lado humorista foi ficando mais conhecido. A partir disso, Defante passava a lidar com números, principalmente porque sua experiência como “repórter doidão” o fez ter contato com diversas histórias de vida. Em tantas cidades brasileiras com o projeto, Defante se permite fazer “galhofa pela galhofa”, por mais que exista bobeira nisto. 

Percebendo principalmente durante a pandemia que seus vídeos ajudavam as pessoas a “esvaziarem a cabeça”, Defante entendeu que “por trás das risadas poderia haver alguma reflexão”. Assim como isso se aplica aos vídeos, que podem ser encarados como o retrato de uma época e um determinado local, o mesmo acontece nas músicas de Defante. 

‘As pessoas têm muitas histórias’

Antes de voltar aos palcos, Defante colecionou histórias com seu canal no YouTube. Em seu trabalho, busca constantemente “entender cada ser humano”, mesmo que só por um instante. Segundo o músico, “as pessoas têm muitas histórias”, sendo possível enxergar vários roteiros espelhados pelas ruas. “Muitas vezes não enxergamos isso por estarmos muito preocupados com nossos problemas, os outros se tornam figurantes. Ao mudar o foco desse protagonismo, é possível descobrir muita realidade nos olhares de cada um.” 

Em seu trabalho como músico, algo similar acontece. Em seu último álbum, são oito músicas com letras contadas a partir de perspectivas absurdas. Mesmo que exista, em algum nível, o chamariz da comédia, já que Defante entende que isso faz parte de si, ele argumenta que em seu projeto musical há quem o escute apenas com ouvidos para a galhofa, mas é possível também se aprofundar. “Está tudo bem com isso. Gosto de fazer melodias que grudam e um refrão simples, para, quem sabe, em algum momento a pessoa ter um estalo. Eu mesmo fiz isso com Mamonas: só depois de muito tempo fui entender o que cantavam.”

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Novo álbum de Defante conta com oito canções autorais (Foto: Nanda Arias/Divulgação)

Defante cita como exemplo sua música “Talalau”, em que a situação, inicialmente cômica, de um homem se apaixonar por seu talarico vai ganhando mais camadas até o momento em que a mulher (interpretada por Karol Conká) desabafa. Em “Zigoto”, algo similar acontece, em que o processo de reprodução se transforma, a cada nova geração, em uma crítica social sobre o ciclo da vida. Enquanto em “Minha avó”, são as impressões de Diogo ao estar na casa de sua avó. “Nela fui colocando coisas que me marcaram em relação a ela”, afirma o artista, fazendo ainda de sua experiência particular uma ponte para se conectar ao público. O mesmo acontece em “Gari” e outras faixas de “Tífane”. 

“Algumas músicas nesse álbum tem uma sonoridade bem brasileira. Tive tantas amarras na primeira banda, em questão de estilo, que tenho esse projeto musical hoje quase como uma libertação desse passado. Cansei de ficar me limitando. O que tiver de batuque diferente, vai estar no álbum. Naturalmente, componho mais rock, por ser minha essência. Mas não deixo isso me limitar.” 

Show em Juiz de Fora

É nesse momento que as “histórias de moleque” retornam. A carreira musical, por mais que tenha estado de lado por um momento, nunca parou, de fato. Algumas músicas desse projeto e do anterior foram escritas ainda enquanto Diogo estava na banda e no início de sua carreira no YouTube. Agora que o projeto foi retomado, além de desejar transmitir aos seus fãs o que viveu quando novo, indo aos shows de hardocore no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, o músico concretiza algo que não conseguiu na primeira fase. “Fico radiante no palco, incrédulo que as pessoas estejam cantando minhas músicas. Tenho essa vivência do início de não conseguir fazer as pessoas cantarem minhas músicas, quando consigo dou um valor inexplicável. Fico pensando: ‘Meu Deus, como isso está acontecendo?’.”

Esta será a segunda apresentação de Defante como músico em Juiz de Fora, sendo a primeira da nova turnê. A cidade, em suas palavras, foi “marcante”, principalmente por ter “topado as maluquices no palco”: “Volto com essa vontade de entregar o melhor show possível, para que o pessoal fique feliz de novo”.

 

*Estagiário sob supervisão da editora Cecília Itaborahy