Choque entre avião e aves, como ocorreu hoje em Confins, é comum na aviação

Choque entre avião e aves, como ocorreu hoje em Confins, é comum na aviação
Apolo e Martin, junto de seus tutores Foto: Fred Magno/O Tempo
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Aeroporto Internacional de Belo Horizonte teve mais de 30 ocorrências desde agosto do ano passado

O Tempo   Por Lucas Gomes

 

O incidente de colisão entre aviões e ave, como o registrado na manhã desta quinta-feira (11 de julho) no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na região metropolitana, é comum na aviação. Somente no terminal internacional, foram 31 ocorrências nesse sentido desde 20 de agosto do ano passado. O índice não considera o incidente desta quinta-feira. 

Em Minas Gerais inteira, desde março de 2020, foram 78 ocorrências de colisão com ave ou colisão com fauna registradas pelo Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), órgão ligado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB). 

A BH Airport, concessionária que administra o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, afirmou por meio de nota que “a colisão com pássaros é um evento da aviação mundial e nenhum aeroporto está imune a isso”. “Entretanto, BH Airport é referência no Brasil na adoção de medidas para a dispersão de fauna no sítio aeroportuário com técnicas como a falcoaria e o cão treinado. Em 2023, tivemos o melhor resultado dos últimos anos no indicador de colisões entre aeronaves e fauna a cada 10.000 movimentos, com redução de quase 30% no número de ocorrências em relação a 2022”, disse por meio de nota.

Em Confins, a concessionária utiliza os “serviços” de cães e falcão para espantar aves na região do aeródromo. O aeroporto conta com 16 falcões utilizados para a caça desses animais. Entre eles está o Apolo de apenas três anos. Treinado desde os três meses para a atividade, ele consegue espantar urubus, pombos e outras aves que possam oferecer riscos às aeronaves. “Apolo é uma peça fundamental. Ele tem a função de afugentar as aves pela altura. Treinamos ele em uma técnica que consiste em fazer o falcão subir e ter vantagem para intimidar as outras aves. Ele efetua os voos altos e dessa forma consegue ajudar”, diz Marcos Cruz, tutor do falcão e Coordenador de Manejo de Fauna de Campo. O cachorro Marlin também ajuda na segurança das aeronaves. Ele é utilizado para “espantar” aves que estão nos gramados próximos às pistas. 

Wagner Cláudio Teixeira, piloto, especialista em aviação e membro da Comissão de Direito Aeronáutico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), pontua que o mais importante nesses casos é a prevenção, já que a depender do caso, é praticamente impossível desviar de uma ave, principalmente os aviões maiores usados na aviação regular, que demandam um tempo de resposta maior. 

Os procedimentos seguintes ao impacto dependem do dano sofrido. “Se for na asa, por exemplo, o dano geralmente é mínimo e prossegue para o pouso. Atingiu o motor ou o turbo hélice e danificou? Aí precisa reduzir a velocidade. Se for no para-brisa, impacta a visibilidade e tenta resolver limpando. Vai depender de cada caso”, explicou. 

O especialista afirma que quase todas as colisões com ave ocorrem durante o pouso ou durante a decolagem, devido à baixa altitude, que é justamente no momento em que a tripulação tem mais tarefas a realizar e com a atenção voltada para os procedimentos padrão. “A torre de controle, nesse caso, é uma aliada e tem um papel fundamental de orientar o piloto sobre a presença da fauna e para ter a atenção redobrada”, pontuou. 

As colisões com aves são mais frequentes em aeronaves maiores. Aqueles modelos menores, como um monomotor, por exemplo, está sujeito a danos mais críticos caso passe por essa situação. 

O aeroporto em Confins fica instalado em uma área onde há uma grande presença de animais silvestres. Somente em 2023, 265 animais foram capturados e remanejados para áreas preservadas. Também foi construída uma passagem de fauna no terminal, que permite o deslocamento dos animais que vivem em áreas florestais sem que precisem passar pelas rodovias, correndo o risco de serem atropelados.