Chega a 20 o número de casos de bactéria após cirurgia em BH; PC faz operação
Cenário é considerado surto, uma vez que houve aumento repentino de casos em somente um local
O Tempo Por Vitor Fórneas
O número de pacientes da clínica da dentista Camila Groppo que se infectaram com a Micobactéria de Crescimento Rápido (MCR) passou para 20. A informação foi atualizada pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte nesta terça-feira (23 de abril). O cenário é considerado surto, uma vez que houve aumento repentino de casos em somente um local. A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão contra a profissional (veja abaixo).
Dos pacientes que procuraram atendimento nas unidades de saúde, cinco casos tiveram infecção confirmada por Mycobacterium abscessus. Segundo a SMSA, “os demais seguem em investigação”, no entanto já se sabe que é micobactéria não tuberculosa de crescimento rápido.
O Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), também investiga o surto com as análises sendo realizadas pela Fundação Ezequiel Dias (Funed).
Operação
A Polícia Civil cumpriu três mandados de busca e apreensão contra a dentista Camila Groppo. A profissional é investigada por supostos erros praticados durante procedimentos estéticos, causando graves infecções em diversas pacientes.
“As investigações tiveram início a partir de boletins de ocorrências que foram registrados pelas vítimas noticiando a realização do procedimento estético de lipoaspiração de papada em uma clínica localizada na região central da capital”, informou a Polícia Civil. Uma coletiva de imprensa foi convocada para esta tarde para que mais informações sejam repassadas pela instituição.
Conversa
Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG)
BH: Operação da #PCMG, realizada nesta terça (23/4), cumpre três mandados de busca e apreensão contra dentista investigada por supostos erros praticados durante procedimentos estéticos, causando graves infecções em diversas pacientes. As investigações tiveram início a partir +
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A reportagem tentou contato com a defesa da dentista, porém não conseguiu. O espaço segue aberto para posicionamento.
O que se sabe sobre a doença?
O TEMPO conversou com o médico Adelino Melo, que é presidente da Sociedade Mineira de Infectologia. De acordo com o especialista, esse microrganismo pode ser encontrado em diversos espaços, tais como casas, hospitais, clínicas, entre outros. Porém, segundo o infectologista, essas micobatérias possuem dificuldade de contato com o organismo humano. O que pode ser facilitado por meio de um procedimento cirúrgico, como exemplifica o médico.
- O que é a micobatéria?
De acordo com o médico Adelino Melo, essa é uma bactéria com características específicas. "Embora seja da mesma família das bactérias causadoras da tuberculose, não é a mesma. Elas estão nos ambientes em que convivemos, mas geralmente não nos afetam", explica.
- Como elas se desenvolvem?
Segundo o infectologista, essas micobactérias se desenvolvem em ambientes úmidos. "São bactérias que crescem na água. Por isso, muitos dos casos têm relação com esse processo de esterelização", detalha.
- Como ocorre a infecção?
As infecções, segundo o médico, estão quase sempre restritas a pacientes que se submeteram a algum procedimento estético, seja em clínicas, consultórios e hospitais. "Não é uma infecção que você se depara no dia a dia. Geralmente está associada a esses procedimentos médicos, que facilita a invasão dela ao organismo humano", indica.
- A infecção é perigosa?
Adelino avalia que as infecções podem ser perigosas, mas, em sua maioria, não ameaçam a vida. "Podem trazer impactos graves nas questões estéticas, como marcas definitivas, cicatrizes, entre outros. Porém, o risco de morte é muito baixo", afirma.
- Como é o tratamento?
O médico infectologista considera o tratamento como complexo. Isso porque, segundo ele, além do longo período, o tratamento demanda uma combinação de medicamentos.
"São três ou quatro tipos de remédios associados. É algo que dura meses, já que possui uma resposta lenta e gradual. Não é como uma infecção de pele que você trata em uma semana, só com um medicamento", destaca.
- Como prevenir?
Conforme o especialista, esse é um cuidado primordial para o profissional que atua em consultórios, clínicas, hospitais, entre outros. A principal forma de evitar a infecção, segundo ele, é seguir as determinações da Anvisa em relação aos procedimentos de esterilização dos materiais.
"É preciso usar o equipamento adequado, a solução com a concentração correta, dentro do prazo de validade. Para a população, é importante buscar informações sobre esse profissional, sempre optando por alguém que tenha boa reputação e bom histórico", finaliza.
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