Apresentado no Atlético, Cuca fala sobre acusação de estupro: 'hoje consigo ver meus defeitos'

Apresentado no Atlético, Cuca fala sobre acusação de estupro: 'hoje consigo ver meus defeitos'
Técnico Cuca durante sua apresentação oficial no Atlético 2025 Foto: Alex de Jesus/O Tempo

Apresentado no Atlético, antes das perguntas da imprensa, técnico falou sobre caso em que foi condenado por ato sexual em 1989, quando era jogador

O Tempo Sports    Por Frederico Teixeira e Pedro Faria

Ao ser apresentado oficialmente como técnico do Atlético, nesta segunda-feira (13), na Cidade do Galo, Cuca falou abertamente sobre o caso em que foi acusado de estupro a uma menor de idade, ocorrido em 1989, na Suíça, quando ainda era jogador de futebol.

Antes mesmo da abertura das perguntas para os jornalistas, o treinador abriu a coletiva falando sobre o assunto.

"Quero começar falando sobre o caso da Suíça. Quando, na minha apresentação lá no Athlético-PR, li aquela carta, me prontifiquei a ser uma pessoa melhor, um homem melhor. Tenho aprendido muito. Tenho entendido muita coisa que não entendia como ser humano", iniciou o comandante. 

O treinador falou que entendeu o tipo de posicionamento que a sociedade esperava dele. "Hoje eu consigo ver os meus defeitos. Consigo entender que eu tentava falar do Cuca e não era isso que a sociedade queria. Queria que eu falasse da causa, do tema. E eu tenho trabalhado desde aquele dia em ser uma pessoa melhor, que entenda mais o tempo não só pela minha filha, minha mulher, minha irmã, mas pela sociedade".

Cuca relatou o que tem feito, na prática, para tentar dar sua colaboração em relação ao assunto. "Tenho participado de palestras onde a gente conseguiu reunir meninos e meninas do Atlético, do Curitiba, do Paraná Clube, onde a gente conseguiu colocar meninos e meninas para conversar sobre o tema abertamente".

As ações foram desenvolvidos pelo Instituto Cuca, que atende a centenas de jovens em Curitiba. "Essas coisas eu prometi e tenho feito, dentro do possível, com ações no meu instituto e quero repetir aqui no Atlético, que tem o Instituto Galo também. Já fiz e faço minhas coisas de forma bem discreta e vou continuar fazendo Essa é uma bandeira que eu levantei e vou empunhá-la para sempre".

O treinador acrescentou que hoje entende melhor as dificuldades vividas pelas mulheres, em especial no esporte. "Busco um mundo mais justo para todos nós. A gente vive em um mundo machista. O futebol ainda é um mundo machista. Mas já foi pior. Muito pior. Eu vi o quanto evoluiu o futebol feminino, coisa que eu não via antes. Vi o quanto as meninas tem que lutar mais que a gente", finalizou.
 

Entenda o caso

O caso de assédio sexual teve início em 1987, quando o Grêmio fazia uma excursão pela Europa. Cuca e os jogadores Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi foram detidos com a alegação de terem tido relações sexuais sem consentimento com uma garota de 13 anos.

Segundo a investigação da polícia local, a jovem se dirigiu com amigos ao quarto dos jogadores do Grêmio. Os atletas, então, a teriam puxado para dentro do quarto e abusado dela.

Após quase um mês detidos em Berna, os quatro jogadores foram liberados. Dois anos depois, Cuca, Eduardo e Henrique foram condenados a 15 meses de prisão por atentado ao pudor com uso de violência. Fernando foi absolvido. Como o Brasil não extradita seus cidadãos, eles nunca cumpriram a pena.

 

Sentença anulada

aEm janeiro de 2024, a Justiça da Suíça anulou a sentença de 1989 que havia condenado Cuca e Henrique. A defesa de Cuca havia solicitado a revisão do caso argumentando que ele não havia contado com um representante legal na época e foi julgado à revelia. 

O pedido de um novo julgamento foi aceito, mas o Ministério Público suíço alegou não ser possível realizá-lo pelo fato de o crime ter prescrito. O órgão, então, sugeriu a anulação da pena e o fim do processo, o que acabou sendo acatado pela Justiça.