Vale consegue liminar que proíbe cacique Merong de ser enterrado onde vivia

Enterro seria no Córrego de Areias, em Brumadinho
O tempo Por Lucas Gomes
A juíza Geneviève Grossi Orsi, da 8ª Vara Federal Cível de Belo Horizonte, deferiu pedido da mineradora Vale para impedir que o cacique Merong Kamakã fosse enterrado nas terras onde ele vivia. O cacique foi encontrado morto na segunda-feira (4 de março). No registro policial, o caso foi registrado como suicídio, mas, diante de suspeitas, o crime não foi encerrado e um inquérito foi aberto.
O cacique vivia em uma aldeia de Brumadinho e liderava o processo de retomada das terras no Vale do Córrego de Areias quando foi encontrado morto. Essas terras eram discutidas em um processo no Tribunal Regional Federal da 6ª Região, onde a mineradora pedia a reintegração do espaço.
A empresa entrou com pedido de tutela para a Justiça impedir o sepultamento do cacique nas terras discutidas no processo. A intenção do enterro, ou do “semear e plantar”, como os indígenas dizem, seria nesta quarta-feira no córrego de areias de Brumadinho.
“É certo que não foi formulado qualquer pedido dos réus afeto ao sepultamento noticiado. Outrossim, é objeto desta ação de Reintegração de Posse, a área em que se pretende realizar o alegado sepultamento, a despeito da controvérsia instaurada sobre sua efetiva titularidade. Diante do exposto, defiro, por ora, a tutela inibitória requerida, para que seja impedida a realização do sepultamento do Sr. Merong Kamakã, nas terras objeto desta ação, ante a notória controvérsia acerca da titularidade das terras objeto desta ação”, definiu a juíza.
Para que a ordem seja cumprida, a magistrada autorizou o auxílio de força da Polícia Federal ou Polícia Militar para adotarem as medidas hábeis a impedir que seja realizado o sepultamento do cacique “na área objeto deste litígio, ficando desde já autorizada a expedição de ofício relativo à intervenção policial”.
A reportagem procurou a Vale e aguarda resposta.
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