Mais de 60 integrantes de facções criminosas são presos durante Operação Peloponeso
Ação, que contou com a participação de diversas forças de segurança, mirou cumprimento de mais de 200 mandados em JF e outras cidades e estados
Por Pâmela Costa Tribuna de Minas
A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (16), as Operações Peloponeso I e II, contra lideranças de facções criminosas que estariam atuando na região – dentre elas, o chefe de uma organização do Rio de Janeiro que atuava em Minas Gerais, que já estava preso no estado fluminense. Até por volta de 13h, 96 buscas e apreensões foram cumpridas, e 66 prisões, realizadas pelas forças de segurança envolvidas na operação.
Ao todo, a manobra visava cumprir 105 mandados de prisão preventiva e 96 de busca e apreensão, com o apoio de 450 policiais empenhados, em Juiz de Fora, Além Paraíba (MG), Volta Grande (MG), Contagem (MG), Itaperuna (MG), Carmo (RJ) e Sapucaia (RJ). Parte dos mandados foi cumprida dentro de unidades prisionais de Minas, Rio e Espírito Santo.
Em entrevista coletiva à imprensa realizada pela Polícia Federal foi destacada a magnitude da ação desenvolvida, uma das maiores no estado nos últimos tempos. Segundo esclareceu o delegado da Polícia Federal Fabrício Fernando Diogo Braga, a ação teria tido início a partir de uma onda de criminalidade que surgiu em Além Paraíba, em 2022, em decorrência de uma disputa de facções pelo poder. A localização do município, conforme a polícia, foi um fator determinante para o aumento das atividades ilícitas crescentes no local, que fica a cerca de 180 km do Rio de Janeiro.
Integrantes das duas organizações criminosas mais famosas do Rio de Janeiro atuavam ali e na região, e ainda durante as investigações, ficou evidenciado que uma delas tinha um braço em Juiz de Fora – que estaria fortalecendo a realização dos crimes em Além Paraíba. As cidades ficam a uma distância de 130 quilômetros uma da outra, o que equivale a, aproximadamente, duas horas de viagem.
Segundo estimativa da Polícia Federal, 40 suspeitos alvos das Operações Peloponeso I e II estavam em Juiz de Fora, e outros 70 em Além Paraíba. A ação que contou com mobilizações por todo o dia, com centenas de oficiais, se concentrou, em maior parte, nos dois municípios. O último balanço da PF sobre a operação foi concedido à imprensa por volta de 13h desta quinta.
volta de 13h desta quinta.
Integrantes de facções criminosa atuavam de dentro das prisões
Durante a entrevista à imprensa, Jefferson de Alcântara Almeida, da 4ª Diretoria Regional de Polícia Penal, informou que parte dos membros faccionados atuavam também dentro de penitenciárias. O principal deles, líder de uma dessas organizações, está preso no Rio de Janeiro. Ainda assim, ele vinha interferindo no gerenciamento do crime em escala interestadual, segundo a polícia.
A posição limítrofe de Minas com o estado fluminense coloca a região como suscetível à ação de facções criminosas adjacentes, bem como caminho para o tráfico interestadual de drogas, a base principal dessas organizações, explicou a PF.
O delegado da Polícia Federal, Fabrício Braga, destacou também sobre a ação dentro de penitenciárias da cidade. “Em Juiz de Fora foram efetuadas inúmeras prisões, dentre eles um indivíduo que estava em regime semi-aberto. Ele tinha uma posição de destaque em uma das facções criminosas”, observou.
A identificação do comando, a partir de dentro das penitenciárias, vem por meio do trabalho de investigação e fiscalização, segundo o diretor regional da Polícia Penal. “A partir daí vamos repassando e montando o quebra-cabeça para entender qual é a dinâmica da facção externamente e internamente”. Jefferson acrescentou que o levantamento é encaminhado para o serviço de inteligência da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco/MG), que faz ali a leitura desse material e começa a estruturar a operação, como a realizada nesta quinta.
Nesta operação, os suspeitos que, até então, foram presos – ou que já estavam encarcerados, mas faziam parte deste esquema – tiveram que ser reorganizados dentro dessas instituições penais. Para não gerar risco dentro das penitenciárias, parte dos presos durante a operação será encaminhada para a prisão em Belo Horizonte, enquanto indivíduos da facção rival serão mandados para o presídio de Juiz de Fora.
Itens de luxo apreendidos
Dois imóveis no Rio de Janeiro, avaliados em R$ 1,5 milhão, e um veículo blindado, tiveram sequestro judicial determinado pela Justiça. O carro estava sob posse de um suspeito que usava tornozeleira eletrônica. Ao todo, 23 investigados tiveram os bens bloqueados, sendo parte deles membros de facção criminosa. O sequestro dos imóveis acontece por ter sido apurado que eles foram adquiridos com dinheiro fruto dos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.
Somente pela Polícia Militar foram apreendidos mais de R$ 40 mil em dinheiro, três buchas de maconha, 25 eppendorf de cocaína, 20 pedras de crack, 20 porções de cocaína e 14 celulares.
‘Balanço positivo’
O balanço da ação, que teve participação de agentes das polícias Civil, Federal, Militar e Penal, por meio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco/MG), é considerado positivo.
“Uma ação extremamente exitosa, já vista a integração das forças, com a Polícia Federal coordenando essa integração. Vejo de forma muito positiva, tanto pela quantidade de alvos, tanto pela dificuldade desse cumprimento, com essa quantidade enorme de alvos envolvidos”, destacou o delegado Fabrício Braga.
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