Clima de deserto: cidades da Zona da Mata e Vertentes têm umidade menor ou igual a do Saara

Clima de deserto: cidades da Zona da Mata e Vertentes têm umidade menor ou igual a do Saara
Céu em São João del Rei na tarde da terça-feira — Foto: Lidiane Faria
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Em São João del Rei, percentual foi de apenas 16% na tarde da terça-feira, que se configura também situação de alerta pela Organização Mundial da Saúde. Confira índices pela região.

Por Juliana Netto, g1 Zona da Mata — Juiz de Fora

 

A onda de calor e a falta de chuva pela região da Zona da Mata e Campo das Vertentes têm criado condições para baixos índices de umidade relativa do ar, agravando ainda mais o cenário de secura pelos munícipios.

Em São João del Rei, por exemplo, o percentual foi de apenas 16% na tarde da terça-feira (3), nível considerado desértico. No Saara, por exemplo, a umidade varia de 14% a 20%.

Nesta quarta, o nível era um pouco melhor, de 20%, por volta das 14h, mas ainda dentro do que normalmente é verificado em áreas extremamente secas. Outros percentuais da região nesta quarta, segundo dados do Inmet.

  • Viçosa - 22%
  • Barbacena - 24%
  • Juiz de Fora – 35%
  • Muriaé – 52%

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a faixa de umidade ideal para o organismo humano situa-se entre 40% e 70%. Abaixo dos 30%, se configura uma situação de alerta, com prejuízos evidentes para a saúde.

 

Fumaça acumulada e Sol “vermelho”

Além dos baixos índices de umidade, as partículas de poeira e queimadas acumuladas contribuem ainda mais para a sensação de secura.

Há alguns dias, moradores da região têm observado uma coloração diferente no céu, causando o efeito de Sol “vermelho”. Na manhã do dia 24 de agosto, moradores de Juiz de Fora, São João del Rei, Dores de Campos, Ressaquinha, Santa Bárbara do Monte Verde e região registraram no início da manhã bem diferente ao habitual.

Embora bonito, o fenômeno é indício da má qualidade do ar, como explicou o climatologista Fábio Sanches.

 

“Tivemos muita queimada e fumaça dos incêndios do interior de São Paulo, do interior de Minas Gerais, em conjunto com os focos de incêndio da Amazônia. Os jatos de baixos níveis vindos da Amazônia estão transportando todo esse material para a região."

 

Na tarde de quarta-feira (3), além do efeito em tons de vermelho e laranja, chamou atenção dos juiz-foranos também a névoa seca, que permaneceu pela cidade a maior parte do dia.

“Como nós estamos sob ação de uma alta pressão, onde o ar desce da alta atmosfera em direção à baixa atmosfera, há dificuldade na formação de nuvens e na ascensão do ar. Isso dificulta a dispersão desses materiais particulados, dessa poeira, dessa fumaça. Então ela [poeira] acaba não dispersando e ficando comprimida junto à superfície. Daí, nas primeiras horas da manhã e sobretudo também à tarde, a névoa seca fica junto à superfície, dando essa coloração até mesmo mais alaranjada do Sol pela manhã e à tarde”, explicou o climatologista.

 

Alerta Amarelo

O Inmet emitiu um aviso de alerta amarelo, que indica perigo potencial em boa parte de Minas Gerais, inclusive Zona da Mata e Vertentes até a quinta-feira (5), devido ao baixo índice de umidade de ar, que deve variar entre 20% e 30%.

Além de comprometer a saúde, o percentual também pode favorecer o risco de incêndios florestais.