Carnaval 2024: blocos tradicionais de JF são cancelados
Organizadores questionam falta de apoio
Por Nayara Zanetti, Nathália Fontes e Bernardo Marchiori, estagiário sob supervisão do editor Marcos Araújo
Fonte Tribuna de Minas
Depois da divulgação da programação oficial do carnaval de rua, em Juiz de Fora, blocos tradicionais da cidade foram cancelados. Dentre os motivos relatados, o principal foi a falta de apoio por parte dos órgãos públicos. Segundo os organizadores, os cancelamentos teriam sido ocasionados por exigências feitas de última hora pela Prefeitura de Juiz de Fora, envolvendo a distribuição obrigatória de água gratuita e o policiamento. Conforme a PJF, 13 dos 83 blocos do município foram cancelados. Os nomes dessas atrações não foram divulgados.
Diferentes blocos carnavalescos do município, em conversa com a Tribuna, demonstraram preocupação, mesmo que não tenham sido cancelados. O “Cola no Velcro”, por exemplo, afirma que quando um agente cultural organiza um bloco, sabe que não contará com apoio financeiro, apenas estrutural.
“Normalmente, recebemos som, palco, tendas, luz, banheiros e segurança – o básico para que possamos nos organizar. Este ano, fomos surpreendidos negativamente, já que o apoio está sendo no que diz respeito ao tablado (um palco inferior) e à luz apenas para o som do tablado – que inclusive alugamos por nossa conta – e não sabemos quantos banheiros serão. Ou seja, teremos que arcar com tendas, luz, trucks, som e com a distribuição de água potável e gratuita”, conta.
Para o bloco, a situação foi a gota d’água. “Além da burocracia, confusão e falta de apoio, chega essa nova exigência que os blocos, principalmente os maiores, não têm como arcar. Por questões financeiras e até mesmo de dúvidas em relação ao volume de água necessário, por exemplo. Como saber quantos litros em um evento público?”, questiona a organização do “Cola no Velcro”.
Um bloco que preferiu permanecer em anonimato afirmou que ainda não foi realizada nenhuma exigência, mas a organização está apreensiva com a possibilidade de não poder realizar a folia. “Não entendo como Juiz de Fora não é um polo atrativo de carnaval da região. Pelo contrário, o movimento é para as cidades menores”, diz.
Cancelados
Uma das folias que precisou ser cancelada foi a do “Bloco da Imprensa”. Érica Salazar, uma das proponentes da atração, relata que receberam mensagem após o bloco ter o protocolo e a autorização do Corpo de Bombeiros para atuar. “O documento alega ausência de croqui indicando posição de veículos que iriam comercializar produtos. Não utilizamos isso. Outro item é a “Não declaração de veículos de apoio”. Também não usamos esta estrutura. Por fim, a “Falta de assinatura do termo de compromisso”, o qual obriga o bloco a arcar com a distribuição de água para os foliões”, enumera. A opção pelo cancelamento foi por não ter condições financeiras para arcar com mais despesas.
Segundo Érica, a Prefeitura teria se justificado, alegando erro de comunicação entre a Funalfa e a Secretaria de Sustentabilidade em Meio Ambiente e Atividades Urbanas (Sesmaur). Porém, a resposta chegou tardiamente. “Já havíamos avisado a banda e entregamos a data para que ela possa ter a liberdade de conseguir cachê em algum outro evento”. Ainda conforme a proponente do “Bloco da Imprensa”, a preocupação com a segurança de todos é sempre válida, mas planejamento, organização e transparência nas informações são fundamentais em qualquer evento, principalmente no Carnaval. “Vários representantes de blocos estavam com medo de desfilar, mediante as exigências impossíveis e questionáveis de serem cumpridas em eventos.”
Da mesma forma, o Bloco “Súbita” foi indeferido pela Prefeitura. Cléber Kureb, da organização, acredita que o motivo foi devido aos blocos grandes terem concentração marcada para o mesmo dia, uma vez que em 2024 o Carnaval ocorre no fim de janeiro e início de fevereiro. “Para nós, impacta pouco. Temos um formato que envolve DJs e que acontece ao longo do ano. Portanto, só adiamos para o próximo mês. Temos muito apoio do nosso público, então fica para o ano que vem.”
Posicionamento da PJF e da PM
Em resposta à demanda da Tribuna, a Prefeitura de Juiz de Fora afirmou que os blocos que tiveram seu pedido indeferido foram por determinação da Polícia Militar, que alegou não ter efetivo suficiente para garantir a segurança dos foliões. Com relação à distribuição de água, conforme a PJF, a Sesmaur está realizando reuniões com os blocos para orientação a respeito da portaria federal.
Já a Polícia Militar esclareceu que está realizando os últimos acertos com relação ao planejamento de segurança do Carnaval 2024. Nesse sentido, não irá se manifestar sobre questões específicas quanto à organização e indeferimento.
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