Bitcoin bate novo recorde nesta segunda-feira (11); alta em 2024 é de 70%
Pela primeira vez, a criptomoeda ultrapassou o valor de US$ 71 mil
O Tempo Por Alexandre Nascimento*
O Bitcoin voltou a bater recorde histórico nesta segunda-feira (11), ao ultrapassar o valor de US$ 71 mil pela primeira vez. Pela manhã, a moeda digital chegou a bater a marca de US$ 72 mil, com alta acima de 4%, mas o percentual de alta recuou um pouco durante a tarde, na casa dos 3%. Mesmo assim, a criptomoeda está num ritmo acelerado de valorização e já subiu 70% apenas em 2024. Mas afinal, o que está provocando este ciclo de alta?
Segundo José Gabriel Bernardes, sócio da Fuse Capital, um dos principais motivos para esse cenário de alta das criptomoedas é a entrada cada vez maior de investidores institucionais nesse mercado, como empresas, bancos e fundos de pensão, que investem fortunas e criam liquidez para as criptomoedas.
Recentemente, esses grandes investidores foram autorizados pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) a adquirirem fundos negociados em Bolsa que compram a criptomoeda à vista. Assim, a demanda por bitcoin aumentou muito e a moeda digital valorizou.
“Antes, as formas de investir em bitcoin eram muito cruas, de certa forma. Era fácil para a pessoa física, mas para o institucional era difícil. Então, esse fluxo de dinheiro, em menos de um mês, atingiu mais de 24 bilhões de dólares entrando para bitcoin. Isso naturalmente cria uma pressão de preço para cima”, explica José Gabriel Bernardes, sócio da Fuse Capital.
Dois outros fatores ajudam a explicar essa alta do bitcoin: um deles é a proximidade do processo de halving, que ocorre de quatro em quatro anos (o último foi em maio de 2020 e o próximo deve ocorrer no fim de abril de 2024). O halving corta pela metade o número de moedas digitais que pode ser "liberado" pelos mineradores. A ideia aqui é que a menor oferta da moeda torne ela cada vez mais valorizada.
O outro motivo é a tendência de juros baixos nos Estados Unidos, o que leva os investidores a tirarem dinheiro da renda fixa (que fica com rendimento menor em cenários como esse) e procurarem ativos de maior risco, como os bitcoins, em busca de maior rentabilidade.
Como investir em bitcoins?
Primeiramente, é importante a pessoa saber que ela pode comprar o bitcoin de forma fracionada, ou seja, não é preciso comprar um bitcoin inteiro, hoje avaliado em aproximadamente R$ 70 mil (R$ 350 mil). É possível comprar pequenas partes, com valores muito menores, a partir de R$ 1.
Atualmente, alguns bancos e corretoras de investimentos já têm plataformas específicas de bitcoins, mas não são todos. “Hoje, como pessoa física, é bem fácil. Se você faz de uma maneira mais tradicional, é só usar as corretoras XP, BTG e o próprio Nubank. Agora, outras formas de investir incluem entrar em outras corretoras, que são em cripto, e as mais usadas no Brasil são a Binance e o Mercado Bitcoin”, explica José Gabriel Bernardes, da Fuse Capital.
As pessoas físicas também podem investir em bitcoin pela bolsa de valores, através de um fundo da Hashdex, na B3, que reflete o resultado médio das principais criptomoedas. Esse fundo é negociado com o código HASH11.
As criptomoedas vão continuar o ciclo de valorização?
Não faz tanto tempo que o bitcoin estava cotado abaixo de US$ 20 mil (janeiro de 2021). O derretimento das cotações acertou o mercado em cheio, levando à falência da corretora FTX (a segunda principal) e ao aumento de investigações sobre a Binance (a maior). Os defensores do mercado dizem que esses episódios ajudaram a separar o joio do trigo e a dar mais credibilidade ao setor. Mas e qual deve ser a tendência do bitcoin para os próximos meses?
“Até quando ele deve continuar subindo é difícil falar porque a gente tem que olhar para as métricas. Mas eu imagino que vá até 2025 esse ciclo, eu espero que o bitcoin e as outras criptomoedas continuem crescendo em adoção na próxima década. Aliás, eu não acho que é algo que vai simplesmente subir e cair de novo. Lógico que é algo cíclico, mas eu acredito que o bitcoin vai continuar subindo”, projeta Valter Rebelo, head de ativos digitais da Empiricus Research.
Como o bitcoin foi criado?
O bitcoin foi criado em 2008, durante a crise dos bancos e do mercado imobiliário nos Estados Unidos. Na época, as instituições financeiras emprestaram muito dinheiro para a compra de imóveis ou para hipoteca, modalidade em que as pessoas pegam um valor emprestado e dão o imóvel que já têm como garantia do pagamento. Se o empréstimo não for pago, o banco fica com a casa do cliente.
No entanto, os valores dos imóveis subiram muito nesse período, o que não foi acompanhado por um aumento de renda da população, provocando uma bolha imobiliária no país. Nesse cenário, muita gente não conseguiu pagar as parcelas dos empréstimos bancários. Os bancos passaram a tomar os imóveis dos clientes, mas não conseguia vendê-los, numa crise enorme de falta de liquidez, que ocorre quando há dificuldade de transformar bens em dinheiro.
Sem recursos, os bancos não conseguiam remunerar as pessoas que investiram em títulos de renda fixa. Ou seja, investidores, bancos e correntistas ficaram sem dinheiro. E essa situação provocou a quebra de alguns bancos americanos, como o Lehman Brothers. O governo americano precisou injetar dinheiro para salvar muitas instituições financeiras.
Diante dessa situação, houve um temor no mundo inteiro sobre o sistema financeiro. As pessoas se perguntavam se era seguro deixar o dinheiro no banco. Foi nesse contexto que surgiu o bitcoin, criado por uma pessoa que se identifica pelo pseudônimo de Satoshi Nakamoto. Mas ninguém sabe, de fato, se essa pessoa realmente existe.
O bitcoin é uma moeda digital, que pode ser usada em várias partes do mundo, sem a necessidade dos bancos como intermediários. Enviar valores para o exterior, por exemplo, é muito mais fácil e mais barato por meio de bitcoins do que pelos bancos, por exemplo.
E a tendência é de um crescimento cada vez maior, com a popularização do bitcoin e das outras criptomoedas que foram surgindo ao longo dos últimos anos. *(com Folhapress)
Comentários do Facebook