Bebidas falsificadas: Apreensão de bebidas alcoólicas falsas quase dobra em 2024 no país
Em MG há seis investigações sobre o crime; Polícia Civil afirma que casos têm sido mais comuns
O Tempo Por Anderson Rocha
Busca por lucro fácil e que ainda coloca em risco a saúde de milhões de consumidores. A apreensão de bebidas alcoólicas falsificadas aumentou no Brasil, deixando em alerta as empresas do setor e as autoridades de segurança. Segundo um levantamento feito pela Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), que trabalha em parceria com as polícias Federal, Civil e Militar, além de Procons, de janeiro a agosto deste ano já foram apreendidas 185 mil garrafas de bebidas alcoólicas adulteradas durante operações de investigação e fiscalização no país.
O levantamento feito a pedido do Super Notícia mostra que, antes mesmo do fim do ano, o número é 86,8% maior do que o registrado nos 12 meses de 2023, quando foram computadas 99 mil garrafas apreendidas. Para se ter uma ideia, dos últimos seis anos, 2024 é o primeiro em que o número de garrafas falsificadas supera o de apreensões por contrabando (48 mil).
“O comércio da bebida alcoólica é muito lucrativo. A bebida falsa, além de não pagar tributos, usa líquido forjado, barato. Então, a vantagem é gigante para os falsificadores, que se aproveitam para lucrar e financiar outras modalidades criminosas”, alerta a presidente da Abrabe, Cristiane Foja.
O preocupante, na avaliação do policial militar da reserva, especialista em segurança pública e professor da Universidade Universo, Jorge Tassi, é que esses números são subnotificados. “O que é apreendido é apenas uma amostra daquilo que existe no âmbito da sociedade. Ou seja, esse crime é muito maior, e a gente não tem condição de saber exatamente a real dimensão. Por trás do crime existe uma estrutura. Então, nós estamos falando de uma organização criminosa que tem esse objetivo de disseminar esse tipo de produto”, afirma.
Apesar de os dados não especificarem exatamente qual a participação de grupos criminosos de Minas Gerais nesses casos, a percepção da Polícia Civil mineira é que o registro do crime tem sido mais comum no Estado. Só neste ano foram realizadas operações em Ribeirão das Neves e Caeté, na região metropolitana de Belo Horizonte, e em Pouso Alegre, no Sul de Minas. Delegada do Departamento Estadual de Combate à Corrupção e a Fraudes (Deccof), Elyenni Célida da Silva explica que, atualmente, há seis inquéritos que investigam a ação de suspeitos de adulterar o conteúdo de bebidas ou aplicar rótulos de marcas famosas em garrafas baratas.
Segundo Elyenni, apesar de haver casos de falsificadores que agem “em fundos de quintal”, a maioria deles envolve grandes produções de bebidas. “Nós temos em andamento inquéritos com produtores maiores. Ou seja, às vezes, a empresa tem até CNPJ (...) Elas têm galpões grandes, às vezes são registradas, o que não quer dizer que estejam dentro do padrão. Já fomos a lugares que tinham até caminhões-tanque”, conta a delegada, sem revelar muitos detalhes para não atrapalhar as investigações.
As apurações da polícia apontam que o destino de grande parte dessas falsas bebidas têm sido locais onde os consumidores não conseguem se certificar da procedência dos produtos antes de consumi-los.
“A gente tem encontrado as bebidas falsificadas em bares, restaurantes, festas, lugares maiores, com aglomeração de pessoas e até boates, como na zona Sul (de BH) e em Nova Lima, com bebidas mais caras, como uísque. No inquérito, sempre que a gente pede para eles juntarem nota fiscal, até para se defenderem, eles falam que não têm. A gente vê que eles compram bebida de menor valor para ter uma maior margem de lucro, sem se preocupar com a origem. Então, é algo que atinge todas as classes”, adverte Elyenni.
Investigação e Denúncias
Segundo a presidente da Abrabe, Cristiane Foja, o aumento do número de apreensões de bebidas falsificadas ocorre principalmente por dois motivos: “É um trabalho de inteligência, que requer meses para chegar às ‘fabriquetas’ ilegais, e que tem sido intensificado, e também a população tem denunciado mais”, diz.
Editoria de Arte / O Tempo
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