Festa junina em BH: empreendedores faturam até R$ 300 mil por mês com comidas e roupas típicas

Festa junina em BH: empreendedores faturam até R$ 300 mil por mês com comidas e roupas típicas
Silvana e Marina Di Spirito: mãe e filha chegam a faturar R$ 300 mil só no mês de junho com vendas nas três lojas da família Foto: Flávio Tavares / O Tempo

De acordo com pesquisa da Serasa, 67% das pessoas percebem aumento nas vendas do comércio local e 62% projetam renda extra no período

O Tempo     Por Rodrigo Oliveira

 

O Carnaval mal termina e muitos mineiros já ficam ansiosos para tirar a roupa xadrez do armário e se deliciar com canjica ao som de muito forró. Além dos foliões, uma multidão de empreendedores também aproveitam o período de festas juninas para faturar vendendo roupas e comidas típicas ou realizando shows. De acordo com pesquisa recém-divulgada pela Serasa, 67% dos entrevistados percebem aumento nas vendas do comércio local e 62% projetam renda extra no período. O estudo, do Instituto Opinion Box, ouviu 2.306 pessoas de todas as regiões do Brasil.

Quem fatura alto nesta época do ano são as empresárias Marina Di Spirito, proprietária de duas lojas da marca "Di Marina", e sua mãe Silvana Di Spirito, que comanda a "Di Maria" - cujo nome é uma homenagem à sua irmã, antiga proprietária do estabelecimento. Segundo a dupla, as três lojas devem faturar juntas R$ 300 mil só em junho com a venda de roupas e acessórios temáticos - que custam entre R$ 29,90 e R$ 439. 

“É a segunda data do ano em que mais vendemos, perdendo apenas para o Carnaval. O movimento começa em abril e, muitas vezes, realizamos vendas até o mês de agosto. Temos percebido um aumento na demanda, nosso faturamento deve crescer de 20% a 30% neste ano em relação a 2024”, calcula Marina. 

Roupas e acessórios na loja "Di Marina" custam entre R$ 29,90 e R$ 439 e fazem sucesso entre a clientela. Foto: Flávio Tavares / O Tempo

 

Já a empresária Rosângela Fialho, dona da "Anarriê Vestidos", decidiu seguir por outro caminho para faturar com a data. Ela optou por não vender peças e, há dez anos, trabalha apenas com a locação de roupas e acessórios com inspiração no frevo, cangaço e country. Ao todo, são cerca de 4 mil itens cujo aluguel varia entre R$ 5 e R$ 125. 

“Meu público é formado principalmente por crianças e adolescentes de escolas de BH. Eu monitoro as datas das festas e, duas semanas antes, faço panfletagem na porta daquele colégio específico para divulgar meu trabalho. Tem dado certo, consigo alugar de 200 a 400 peças por semana”, contabiliza. 

Outro diferencial do negócio é seu caráter temporário. A loja, exclusiva para festa junina, funciona apenas por temporada, de maio a agosto, e não aproveita outras datas para vender - como Carnaval e Halloween. De acordo com a empreendedora, esse modelo permite que ela tenha tempo para os filhos e possa se concentrar no reparo e na confecção de novas peças nos outros meses do ano. 

“A locação dá muito certo para o meu público alvo. As crianças crescem e, no ano seguinte, a roupa já não serve. Já os adolescentes querem um look novo todo ano. Tenho clientes que começaram comigo no meu primeiro ano e estão comigo até hoje. Consigo uma boa taxa de fidelização”, diz. 

Barraqueiro faz a festa 

Época propícia aos comes e bebes, a festa junina também enche o bolso dos donos de barraquinhas de comida. É o caso de Ernani Francisco Pereira, que trabalha há 35 anos como ambulante e “bate ponto” de sexta a domingo na Praça Belarmino de Souza, também conhecida como Praça do Xangri-Lá, em Contagem, região metropolitana de BH. Em junho e julho, ele também aproveita para levar sua barraca para as festas que ocorrem na cidade. 

“É a época do ano em que os barraqueiros mais trabalham, pois tem festa em colégios, shows privados e até eventos em outras cidades. Geralmente meu faturamento gira em torno de R$ 3.500 por mês e, neste período do ano, aumenta em até 40%. Ano passado fui em quatro festas. Só não fui em mais porque tenho que conciliar com o trabalho no meu ponto fixo”, lamenta.  

Renda extra nos condomínios 

Administrador de 12 condomínios, o síndico profissional Rodrigo Kalil adotou a festa junina como estratégia para gerar renda extra aos moradores. Em três deles, o profissional cede o espaço para a folia e capta recursos de patrocinadores para bancar segurança, ornamentação, banheiros e música. A venda da comida fica por conta dos condôminos que já empreendem ou desejam fazer um dinheiro extra. 

“A renda fica totalmente com os moradores, que muitas vezes usam o dinheiro para pagar uma taxa de condomínio ou uma conta de luz. É um alívio para o bolso. Além disso, também ajuda na socialização, tornando a convivência mais harmônica”, garante. 

Festa no condomínio Parque Dubai reuniu mais de 2 mil pessoas em 2024 e movimentou economia entre os condôminos. Foto: Arquivo pessoal 

Um desses condomínios é o Parque Dubai no bairro Santa Amélia, na região da Pampulha. Neste ano, 32 moradores já se cadastraram para vender comidas e bebidas - número superior aos 17 do ano passado. Uma delas é Lúcia de Sousa, que já trabalha com a venda de produtos para os vizinhos e, nesta época do ano, vê os números subirem. 

“Trabalho de quinta a sábado e, geralmente, faturo cerca de R$ 1.000 por semana. No dia da festa, chego a tirar cerca de R$ 3 mil. Faz muita diferença. O evento também acaba sendo uma vitrine. Muita gente me conhece e acaba encomendando quantidades maiores para festas particulares”, comemora. 

Alta demanda de shows 

Um dos blocos mais tradicionais de Belo Horizonte, o “Pisa na Fulô” também vê sua agenda de shows aumentar. De acordo com a produtora Marina Faria, a banda de forró costuma fazer um show por semana nesta época do ano. “É a época em que mais temos convites, superando até o pré-Carnaval. Fora da festa junina, fazemos um show por mês”, diz. 

Segundo ela, o faturamento chega a quadruplicar, proporcionando mais renda e visibilidade aos músicos da banda. “Também fazemos o Arraiá do Pisa, que é um evento sem fins lucrativos para o bloco, mas que movimenta a economia para os pequenos empreendedores. No ano passado, contamos com cerca de 20 barracas de comida e vários ambulantes vendendo bebidas”, comemora. 

Grandes empresas também estão de olho 

Além dos pequenos empreendedores, as grandes redes de supermercado de BH também estão de olho no potencial de consumo nesta época do ano. Isso porque, além de faturar com insumos, como amendoim e leite condensado, empresas como o Grupo Supernosso também lucram com a venda de produtos prontos para serem consumidos. 

“Estimamos um aumento de 20% nas vendas para a categoria de produtos de festa junina. Estamos falando de itens como milho, amendoim, canjica, paçoca, doce de leite, cocadas, bolos, broas, leites de coco e chocolates”, aponta o Grupo.