Deputado propõe novo feriado para Minas Gerais em homenagem a padroeira
Projeto de Lei usa como argumento a importância religiosa, cultural, turística, social e econômica da devoção à Nossa Senhora da Piedade
Por Nayara Zanetti Tribuna de Minas
O dia 15 de setembro pode se tornar feriado em Minas Gerais. Na última quarta-feira (8), a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) debateu o tema com base no Projeto de Lei (PL) 1.401/23, proposto pelo deputado Leleco Pimentel (PT), que visa homenagear a padroeira do Estado, Nossa Senhora da Piedade.
O texto argumenta que a devoção à santa tem uma grande importância religiosa, cultural, turística, social e econômica, que justifica a criação de feriado em sua homenagem. O deputado, que também requereu a audiência pública, disse que o feriado pode contribuir para que o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, Região Metropolitana de Belo Horizonte, passe a ser mais visitado. “A população mineira precisa deste ambiente da fé para continuar tendo esperança”, declarou ele, lembrando das ameaças de destruição, pela atividade minerária, à Serra da Piedade, que abriga o santuário.
Considerado um cenário de riquíssima beleza natural, o Santuário Nossa Senhora da Piedade abriga a imagem dessa santa, esculpida no século XVIII, por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. De lá, são avistadas as cidades de Belo Horizonte, Caeté, Contagem, Lagoa Santa, Nova União, Raposos, Sabará, Santa Luzia e Vespasiano. Todo o conjunto arquitetônico e paisagístico do santuário foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“Precisamos falar desses espaços religiosos que se tornaram refúgios para garantir a preservação da nossa casa comum, tão atacada pelas mineradoras”, disse o deputado, lembrando da destruição promovida por barragens, uma das vistas da Serra da Piedade.
Desde o século XVIII, mineiros compartilham devoção à padroeira
Fiéis fazem peregrinações até o Santuário de Nossa Senhora da Piedade (Foto: Divulgação/SSVP)
De acordo com o reitor do Santuário Nossa Senhora da Piedade, Padre Wagner Calegário, a devoção à padroeira começou no início do século XVIII, com peregrinações à serra. Já em 1748, o bispo autorizou a celebração da primeira missa no local e, anos depois, determinou a construção da igreja.
Para o reitor, a decretação do feriado é fundamental para além da questão religiosa, mas também pela importância para a economia local e regional. Para se ter uma ideia, só em 2019, foram realizadas 510 mil visitações ao santuário. “A movimentação da hotelaria, dos restaurantes e outros serviços também é grande, com oportunidades principalmente para Caeté e, depois, Sabará”, projetou.
Identidade mineira
Por fim, o religioso refletiu que N.S. da Piedade representa a síntese perfeita da identidade mineira. Segundo ele, várias mulheres mineiras educaram seus filhos sozinhas, porque os maridos iam para as minas ou se aventuravam pelo Estado e muitos morriam. “A alma mineira foi forjada na perspectiva da dor, mas também na esperança, de que é preciso recuperar a vontade de seguir adiante; independentemente da fé, todos nós mineiros sabemos que atrás da montanha tem um horizonte”, concluiu.
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