Brumadinho: familiares protestam contra habeas-corpus de ex-presidente da Vale

Brumadinho: familiares protestam contra habeas-corpus de ex-presidente da Vale
O protesto contou com cerca de 80 pessoas e ocorreu em frente à sede do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) — Foto: Videopress produtora
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp
Receba as notícias do MCM Notícias MG no Whatsapp

Julgamento sobre o recurso estava suspenso e será retomado na próxima quarta-feira (6)

O Tempo    Por Bruno Daniel 

 

Amigos e familiares das vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019, que matou 272 pessoas, realizaram nesta segunda-feira (4 de março) uma manifestação contra a concessão de habeas-corpus ao ex-presidente da Vale, Fábio Schvartzman. O protesto contou com cerca de 80 pessoas e ocorreu em frente à sede do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), no bairro Santo Agostinho, região Centro-Sul de Belo Horizonte. O julgamento do recurso começou no dia 13 de dezembro do ano passado.

No mesmo dia, o desembargador federal Boson Gambogi votou para que Fabio Schvartsman deixe de ser réu na ação penal que vai julgar 16 pessoas por homicídio doloso qualificado e crimes ambientais no caso do rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. A sessão de julgamento foi interrompida após o desembargador federal Pedro Felipe Santos pedir vistas do processo. 

O julgamento será retomado na próxima quarta-feira (6 de março). Se o recurso for aceito pelos outros desembargadores, Fabio Schvartsman ficará livre do julgamento sobre o caso. Presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum), Andreza Rodrigues pede que o ex-mandatário da mineradora responda pela tragédia.

"Uma vez concedido esse habeas-corpus, ele abrirá portas para a injustiça. Cinco anos e um mês se passaram e seguem todos soltos. Por isso esse movimento: para pedir a reconsideração de voto de Flávio Boson, que votou favorável, e para os outros, que ainda não votaram", afirma.

Andreza perdeu o filho Bruno, que tinha 26 anos e trabalhava como engenheiro da Vale. A saudade do filho é o combustível da mulher para buscar justiça. "A gente lida com essa perda fazendo do luto a luta. Nós cremos que a justiça é a única forma de nos libertarmos dessa lama de sangue da Vale. Os prisioneiros disso tudo somos nós, familiares. Quem não  tem o seu familiar? Somos nós. Quem está pagando o preço pela matança que aconteceu, com o aval da Vale e da Tuv-Sud e dos 16 réus que estão arrolados? Somos nós", desabafa.

Quem também esteve presente na manifestação foi o deputado federal Pedro Aihara (PRD-MG). Na época da tragédia, o parlamentar atuava no Corpo de Bombeiros e foi um dos primeiros a chegar ao local da tragédia. Na avaliação de Aihara, o habeas-corpus é um desrespeito à memória das vítimas.

"Esse habeas-corpus é uma afronta, um deboche, uma falta de respeito em relação às 272 pessoas que perderam suas vidas. Cinco anos depois, ninguém foi responsabilizado, ninguém foi preso. Quando a gente fala do desastre-crime de Brumadinho, a gente não fala de acidente. A gente fala de algo que aconteceu devido à negligência, devido à omissão condescendência criminosa de vários", critica.

O processo sobre o rompimento da barragem tramitou por três anos na Justiça estadual mineira e foi reiniciado em janeiro de 2023, após ter sido transferido para a Justiça Federal. Isso ocorreu a pedido da defesa de dois réus. Atualmente, a 2ª Vara Criminal Federal, em Minas Gerais, notifica os acusados.