Biomédica indiciada por morte de mulher em MG é multada por posts nas redes sociais

Defesa de Lorena Marcondes de Faria, de Divinópolis, argumentou que as frases ‘eu volto em breve’ e ‘a clínica está ficando pronta’ não indicariam que Lorena estava atendendo ou promovendo seu trabalho; alegação não foi aceita pela Justiça
tatiaia Por Célio Ribeiro
A biomédica Lorena Marcondes, profissional de Divinópolis (MG) indiciada pela Polícia Civil por homicídio doloso qualificado por conta da morte da paciente Íris Martins, de 46 anos, foi multada em R$ 40 mil pela Justiça por conta de publicações feitas nas redes sociais. A investigada segue presa desde o fim de março, quando foi detida pela segunda vez na região metropolitana de Belo Horizonte.
A decisão é assinada pela juíza Marcilene da Conceição Miranda, da 3ª Vara Criminal de Divinópolis, e atende a um pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Segundo o órgão, Lorena teria descumprido medidas cautelares e feito publicações nas redes sociais. Já a defesa da biomédica argumentou que as postagens foram apagadas e que ‘não geraram qualquer prejuízo social ou processual’. Além disso, a defesa alegou que as frases ‘eu volto em breve’ e ‘a clínica está ficando pronta’ não indicariam que Lorena estava atendendo ou promovendo seu trabalho.
A Justiça não concordou com os argumentos e identificou ‘evidente descumprimento da ordem judicial’ em quatro publicações feitas nas redes sociais. Porém, apesar do ‘desrespeito às instituições públicas e tentativas de embaraços ao andamento do processo’, a juíza negou o pedido de prisão preventiva e aplicou quatro multas de R$ 10 mil, totalizando R$ 40 mil. O valor será revertido em favor da União.
Apesar de ter tido a prisão preventiva negada neste caso, Lorena segue presa desde o fim de março no Presídio de Floramar, em Divinópolis. Na mesma decisão, a Justiça voltou a determinar que Lorena se abstenha absolutamente de acessar as redes sociais e aplicativos de mensagens.
Uma situação parecida envolvendo Lorena foi relevada pela Itatiaia em junho de 2023. Mesmo em prisão domiciliar, a biomédica continuava oferecendo lipoaspiração em suas redes sociais, mesma cirurgia que causou a morte de Íris Martins. Cerca de 15 dias após a reportagem da Itatiaia, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) suspendeu a licença da biomédica.
Relembre o caso
Irís Dorotéia do Nascimento Martins, de 46 anos, morreu no dia 8 de maio durante um procedimento estético em uma clínica de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas. A responsável pela operação foi a biomédica Lorena Marcondes de Faria. Íris teria pago R$ 12 mil para realizar a lipoescultura. A vítima sofreu duas paradas cardiorrespiratórias e precisou ser levada para o Hospital São João de Deus, onde morreu horas depois.
Segundo a Polícia Civil, essa cirurgia só pode ser feita com a presença de um médico e de um anestesiologista. A clínica não possuía equipamentos básicos, como monitor cardíaco, e o laser que seria usado no procedimento não tinha chegado no local no momento em que a cirurgia começou.
A profissional e a enfermeira que a auxiliava nas cirurgias foram presas preventivamente após o caso, mas foram beneficiadas com um habeas corpus e estão em prisão domiciliar. Lorena também é citada em três processos na Justiça por erro médico. Um deles envolve um modelo que teria ficado com a boca deformada após passar um procedimento estético com a mesma profissional em Divinópolis (MG).
Lorena voltou a ser presa no fim de março de 2024 em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. Dois dias depois, a Polícia Civil confirmou o indiciamento da profissional por homicídio doloso qualificado pelo motivo torpe e pela traição com dolo eventual. Ela segue detida no Presídio de Floramar.
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